terça-feira, 31 de março de 2009

AGCIP e as Articulações do Sertão Paulista

por Rafael Rolim/Massa Coletiva

Na sexta feira, 13/03, aconteceu em Matão a oficina de formação/comemoração de quatro anos da AGCIP – Associação Gestores Culturais no Interior Paulista (http://www.agcip.org.br/). O encontro contou com secretarias e departamentos de cultura de mais de vinte cidades do noroeste paulista, visando reconhecer as carências e possibilidades de desenvolvimento de projetos na área de cultura, esporte e turismo, além da formação dos próprios gestores – em sua grande maioria, recém empossados neste período pós-eleitoral.

O encontro durou o dia todo na Casa de Cultura, no centro de Matão e foi coordenado por Edemilson José do Vale (também conhecido como Sete), atual presidente da associação, e Luiz Felipe Nunes. Durante todo o período da manhã houve um trabalho de formação com os gestores, afim de apresentar as possibilidades de captação de recursos para as secretarias através das leis federais e estaduais de incentivo à cultura – Lei Rouanet (Fundo Nacional de Cultura e do Mecenato), PROAC (Programa de Ação Cultural do Estado de São Paulo) e também os caminhos de financiamento por ação de políticos através de Emendas Parlamentares.

No caso das Emendas, a única forma de conseguir este subsídio é na proximidade com algum deputado, que pode destinar uma verba determinada para qualquer iniciativa – cultural ou não – através de emenda proposta junto ao parlamento. A AGCIP conseguiu para 2009, através de dois deputados diferentes – cada um só pode oferecer uma emenda por entidade ao ano – R$ 300 mil para realizar o “Espaço Culturando” na Festa do Peão de Boiadeiro de Barretos e mais R$ 50 mil para realização de um festival de musica de raíz. Mais informações sobre estas iniciativas podem ser encontradas no site da AGCIP, indicado no primeiro parágrafo.

Já os mecanismos de incentivo – Rouanet e PROAC – dependem menos de articulações políticas e mais da qualidade na formatação de projetos. E para auxiliar os gestores no desenvolvimento de seus textos foram disponibilizados quatro projetos já aprovados pela AGCIP junto ao MINC ou Secretaria de Cultura do Estado.

Porém, nem só de políticas publicas faz-se cultura. E o segundo período do encontro foi todo focado na apresentação de outros caminhos e iniciativas culturais. Abrindo o turno da tarde, Helvio Tamoio (foto) – ex-presidente da FUNARTE – fez uma breve fala sobre as atividades do “Núcleo de Fazimento da Cena“ (http://nucleodacena.ning.com/) , situado em São Carlos. O Núcleo tem como objetivo a formação de profissionais nas áreas técnicas dentro do setor cultural. A cadeia produtiva da cultura é feita de pessoas dentro e fora dos palcos e, segundo Helvio, hoje muita gente está produzindo cultura – ou mesmo em cidades pequenas, com menos de 50 mil habitantes (maioria na AGCIP), onde o foco é a formação de público pela fruição da cultura – existe a carência de profissionais aptos para trabalhar nas áreas técnicas (sonorização, iluminação, cenografia, etc) o que permite boas condições aos agentes culturais agirem nestas cidades.

Em seguida, Rafael Rolim, membro do Massa Coletiva – Núcleo Cooperativo de Comunicação e Cultura – apresentou a lógica de produção cultural calcada na economia solidária, introduzindo o pensamento de cooperação da cadeia produtiva, com base no Circuito Fora do Eixo. Rafael colocou para os gestores a carência de novos espaços para a apresentação de trabalhos autorais na música – ponto forte do Circuito hoje – além do compromisso do Coletivo em articular o interior paulista, seja levando a estas cidades a fruição destas iniciativas culturais, seja através do trabalho de formação de público, em oficinas nas áreas de cineclubismo e música.

A presença do Massa Coletiva neste encontro foi algo inesperado para todos os presentes. A possibilidade de circulação de agentes culturais do país inteiro nestas cidades a custos baixíssimos, a apresentação da rede nacional de trocas e suas articulações é algo completamente novo para estes agentes, mas a participação serviu como uma semente plantada, que já gerou muito interesse, devendo ser desenvolvida e inserida gradualmente dentro da mentalidade de produção cultural da região.

Na sequência, veio a apresentação da Cooperativa Cultural Brasileira (www.coopcultural.org.br) por sua presidente, Marília de Lima. Ela mostrou caminhos de articulação dos produtores culturais através da criação de cooperativas. A CCB, situada em São Paulo, possui em seu quadro artistas, produtores e captadores de recursos de todo o país, oferecendo a estes cursos de formação e a emissão de notas fiscais. Apesar desta centralização de pessoas e informações, o foco foi levar aos gestores a possibilidade da criação de cooperativas municipais, a fim de fortalecer as regiões e valorizar seus artistas.

Felipe Macedo (foto), diretor da Federação Paulista de Cineclubes foi o próximo a assumir o microfone, apresentando a possibilidade da criação de salas de exibição digital nestas cidades (das 22 cidades presentes no momento, apenas 4 possuíam salas de cinema, sendo duas em cine-teatros). Com uma fala focada no mercado de exibição audiovisual, Macedo expôs os altos custos de manutenção de uma sala de cinema em película e o digital como caminho para a formação de público e fruição audiovisual.

Para finalizar o dia, a comemoração dos quatro anos da AGCIP tinha que ser em festa. Todos os presentes foram convidados para um churrasco em uma chácara nos arredores da cidade, onde as eloquentes explanações deram espaço para bate-paos informais, troca de contatos e diálogos focados no primeiro passo para possíveis parcerias entre tantas pessoas dispostas a produzir cultura.

Agora, cabe a cada presente no encontro fazer com que esta sexta-feira treze seja lembrada como o dia em que as bruxas espantaram não as pessoas, mas o medo de se produzir cultura em tempos de crise mundial.

segunda-feira, 23 de março de 2009

VII Festival de Rock Feminino, ponto de crescimento e integração

por Sarah Masarenhas/Massa Coletiva

No ultimo dia 20 de março, aconteceu a abertura do VII Festival de Rock Feminino,na cidade de Rio Claro (SP). Este ano a organização do evento ampliou o projeto e propôs edições itinerantes pelo estado de São Paulo, como a que aconteceu aqui por São Carlos simultâneamente com o Independência ou Marte, A Festa. Mas as novidades não pararam por ai e a programação, além dos shows, contou com a exposição artística "Mulheres de Atitude" e com a mesa redonda "Como montar, manter e divulgar uma banda".

Na exposição encontramos fotos da banda Plano Próximo e na mesa tivemos também um representante do Massa Coletiva para garantir a integração e o fortalecimento da rede no interior paulista. Participaram também da discussão, o vereador de Cordeirópolis Alceu Guimarães, Nina e Thalissa - representantes da produtora paulistana Roxxy Productions e o produtor musical Heitor Rangel.

A sétima edição do evento pela primeira vez contou com total apoio da Prefeitura Municipal de Rio Claro. O novo diretor de cultura do município, Luiz Curinga, que foi proprietário do bar Kenoma, além de intermediar todo o processo, "arregaçou as mangas e pôs a mão na massa", trabalhando de fato na produção executiva do Festival. Esta já é uma das características de sua gestão.

Outro fato marcante, é que a organização conseguiu uma parceria com a TV Cidade Livre para a transmissão do evento, e mesmo com problemas para o início da transmissão, ela aconteceu durante as quase 12 horas de shows.

No dia 21 de março as apresentações aconteceram na Estação Ferroviária de Rio Claro e a entrada foi um litro de leite longa vida. Além disso, havia um espaço destinado a comercialização de produtos artesanais e material das bandas. Dentre os produtos, encontramos desde bottons do Festival, almofadas de feltro, camisetas, pulseiras, brincos, camisetas e etc. A atração mais curiosa, foi a apresentação no domingo da Banda Sinfônica União dos Artistas Ferroviários, executando clássicos do rock, no teatro do Centro Cultural “Roberto Palmari”.

Outra cidade que se integra ao projeto é Cordeirópolis que realizará o encerramento do Festival no dia 28 de março. A Prefeitura Municipal também garantiu toda a estrutura. Lá se apresentarão seis bandas, entre elas, a banda sãocarlense Nota Promissória, que já está confirmada. Para o próximo ano a expectativa é de ainda mais crescimento; a Prefeitura e o Massa Coletiva já firmaram o apoio para que isso aconteça.

Independência ou Marte A Festa – Rock Feminino em Imagens

THE BIGGS + THE DEALERS
fotos: Rafael Rolim
mais em: picasaweb.google.com/massacoletiva

fotos: Rafael Rolim
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Palquinho Maluco 19/03 em Imagens

JÚLIA SAYS + PLANO PRÓXIMO
fotos: Rafael Rolim
mais em: picasaweb.google.com/massacoletiva
fotos: Rafael Rolim
mais em: picasaweb.google.com/massacoletiva

sexta-feira, 20 de março de 2009

Independência ou Marte A Festa – Edição Integrada Rock Feminino

por Jovem Palerosi/Massa Coletiva

O Independência ou Marte realiza na próxima 6ª feira, dia 20, mais um evento em São Carlos. A Festa é um braço do projeto que busca trazer mensalmente diversos artistas com trabalho autoral, fomentando e formando um público local, ao mesmo tempo em que se gera um circuito regional.

Nesta edição, o projeto se alia com a vizinha Rio Claro, cidade que estará realizando a 7ª edição do Festival de Rock Feminino no mesmo final de semana. Este Festival se destacou pelo intuito e motivação em divulgar a arte das mulheres, e lutar por políticas igualitárias entre os sexos, se tornando o principal evento do segmento. Atualmente ele faz parte também do calendário da ABRAFIN – Associação Brasileira de Festivais Independentes e possui outros eventos integrados, como a edição sãocarlense.

Quem abre a noite por aqui é a banda paulistana The Dealers. Trio garageiro, as meninas possuem músicas rápidas e explosivas que são marcadas por riffs certeiros e vocais gritantes em inglês. Na mesma pegada, vem a The Biggs, de Sorocaba; banda veterana, possui mais de dez anos de estrada acumulados em suas performances marcantes de espírito punk rock, tendo conquistado grande destaque na cena underground nacional. A Festa ainda conta com a já tradicional Discotecagem Radiofônica Independência ou Marte, trazendo para as pistas o melhor das pesquisas da música contemporânea brasileira.

Mais informações você pode conferir na edição#87 do programa Independência ou Marte, disponível em podcasting na Web Rádio do Portal Fora do Eixo ou para download no www.independenciaoumarte.blogspot.com


Dia 20/03 – Sexta-Feira

Horário: 22:00

Independência ou Marte, A Festa com The Dealers + The Biggs + Discotecagem Independência ou Marte

Local: Armazém Bar, Rua 7 de Setembro, 2109, Centro - em Frente a Câmara Municipal de São Carlos.

Preço: R$ 7

Realização: Massa Coletiva, Armazém Bar, Rock Feminino, Circuito Fora do Eixo

terça-feira, 17 de março de 2009

Depois do Carnaval, a volta às aulas pra comemorar!

por Sarah Mascarenhas/Massa Coletiva

Dizem por aí que o ano só começa depois do carnaval no Brasil. Por aqui não é muito diferente; somente agora começam as aulas em São Carlos (SP) e a cidade está em festa, recebendo seus novos habitantes. Para registrar esta celebração da Calourada, no próximo dia 19 de março, quinta-feira, a partir das 22 horas, acontecerá mais uma edição do Palquinho Maluco. Desta vez quem se apresentará serão as bandas Plano Próximo (São Carlos - SP) e Julia Says (Recife - PE).

foto: Daniela Teixeira

A banda local, Plano Próximo fará sua primeira apresentação no ano em terras sãocaerlenses. Eles recentemente representaram o Massa Coletiva, percorrendo as cidades de Cuiabá e Londrina, em suas respectivas edições do Festival Grito Rock 2009, além de passarem por Rio Claro, Campo Grande e Limeira, com apresentações complementares no circuito.

Já o Julia Says visita a cidade pela segunda vez. A dupla de Recife fez sua primeira apresentação em abril de 2008, no evento Independência ou Marte - A Festa. O show na ocasião, contagiou a todos com as boas doses de grooves psicodélicos à la manguebeat, bases eletrônicas muito bem produzidas e principalmente, uma boa presença de palco. As músicas do grupo já conquistaram alguns fãs por aqui e a volta em menos de um ano é fruto de um belo trabalho que possui pouco mais de um ano.
Confira o vídeo de Mohammed Sak Sak para refrescar um pouco a memória:

O clipe, que também está disponível esta semana na WebTV do Portal Fora do Eixo, é resultado da primeira visita ao programa Independência ou Marte e do show no Armazém Bar.

Naquela ocasião, a banda participou do programa, que vai ao ar ao vivo às 22 horas toda segunda-feira pela Rádio UFSCar e pelo Portal Fora do Eixo. Para mais informações, visite também o http://independenciaoumarte.blogspot.com . Lá você entra em contato com o que é produzido pelo projeto, além de poder fazer download de cada edição do programa, conferir fotos das festas e atrações, além de todos os vídeos já produzidos.


Serviço:

Dia 19/03 – Quinta Feira

Horário: 22:00

Palquinho Maluco com Plano Próximo + Julia Says (Recife-PE)

Discotecagem da Rádio Capivara FM

Local: Convivência da Área Sul - PALQUINHO

Preço: GRÁTIS

Realização: Massa Coletiva, DCE, Circuito Fora do Eixo

segunda-feira, 9 de março de 2009

O Grito Imagético

A riqueza dos momentos que surgiram à partir do Grito proporcionaram, além de sons, muitas imagens belas. Grande parte foi capturada pela equipe de vídeo do Massa Coletiva, que está realizado um documentário sobre o evento, atualmente em pós-produção.
Enquanto isso, confira algumas fotos realizadas por nossos artistas:

Fotos: João Moura
(se procura por mais, acesse: http://picasaweb.google.com.br/massacoletiva)

domingo, 1 de março de 2009

Grito Rock São Carlos: dois dias de sucesso

por Sarah Mascarenhas/Massa Coletiva

Na última segunda feira de fevereiro, dia 23, aconteceu a primeira noite do Grito Rock São Carlos. A programação cumpriu a meta de manter o Armazém bar com sua lotação máxima durante todas as apresentações do Festival. Por outro lado, as bandas mostraram-se muito satisfeitas com shows e estrutura de primeira qualidade. Já a organização reconheceu, com a programação e a animação do público, o bom resultado de três meses de trabalho duro.

O primeiro dia deixou claro que as tradições carnavalescas já não são mais o procuradas pelos foliões sãocarlenses. No começo da noite, a rua Sete de Setembro já recebia os primeiros interessados em aproveitar a alternativa. A abertura das portas teve uma hora de atraso, o que não colocou nada em risco, afinal eram cinco bandas se apresentando. Alguns dos artistas escalados para tocar tiveram pequenos problemas para chegar em São Carlos devido as chuvas típicas da estação.

Seguindo a lógica do cooperativismo, todas as bandas aceitaram ficar em hospedagens solidárias, ou seja, na casa do pessoal da organização e de bandas locais. Quase todas chegaram a tempo do jantar - que também foi conseguindo através destes princípios - e logo seguiram de volta ao local do Festival. Casa lotada, o DJ Youngman já aquecia o ânimo do público e apresentava os primeiros shows. A reposta do público foi receptiva, calorosa e positiva em todas as fases da noite, mas no final quem levou a galera à loucura foi o DJ Finatti da coluna Zap'n Roll. O estoque do bar não aguentou o calor causado pelo Grito Rock e acabou tudo no primeiro dia do evento.


No segundo dia, dez bandas e mais dois DJ's. Novamente a equipe do Massa Coletiva caprichou e a sequência das apresentações acabou fazendo com que o bar abrisse as portas já cheio e continuasse assim até as 3 horas da manhã. Desta vez a bebida não chegou a acabar totalmente, mas o Armazém Bar teve que "dar seus pulos" pra matar a sede do público. No dia 24, terça, aconteceu também a 1a edição da Feira de Cultura e Economia Solidária, que só não foi melhor, pois o temporal que atrasou as bandas na segunda, caiu no meio da tarde, atrapalhando um pouco o fluxo na recém inaugurada rua.

Sem dúvida a terça feira foi o dia de São Carlos mostrar porque está integrado ao Circuito Fora do Eixo, demonstrando que o fruto das parcerias rendeu ótimos shows das bandas convidadas. Entre as dez apresentações, quatro foram de bandas locais, que deixaram uma ótima impressão com qualidade em diversas vertentes. Destaques para Nota Promissória e Aeromoças e Tenistas Russas. A primeira devido à formação, com as meninas fazendo um rock competente e que promete longa vida, se depender da idade delas (a caçula da banda tem 10 anos). Já o ATR veio carregado de swing e muita energia que contagiou novamente a todos presentes.

E o Grito Rock São Carlos se consagrou mais uma vez; poucos atrasos, público atento e participativo, bandas saindo da cidade com o gosto de "quero voltar o mais rápido possível" e a organização garantindo a 3° edição! Portanto leitores, fiquem atentos ao blog do Massa Coletiva e no Portal Fora do Eixo.

fotos: Rafael Rolim

Grito Rock São Carlos Agitou a Cidade

por Humerto Finatti/Zap´n´roll

"São Carlos, a cerca de 300 kms da capital paulista, é uma cidade moderna e universitária. Com mais de duzentos mil habitantes, possui duas universidades, a UFSCar (Universidade Federal de São Carlos) e a USP de São Carlos. Com tamanha movimentação de estudantes e gente jovem, não foi difícil transformar a segunda edição do festival Grito Rock Integrado, realizado por lá nos últimos dias 23 e 24 (segunda e terça-feira de carnaval), em um sucesso absoluto. O Armazém Bar superlotou na primeira noite (quando estiveram no local, seguramente, mais de trezentas pessoas) e encheu bastante na segunda. E em ambas, a diversidade de estilos e bandas mostrou mais uma vez o que todo mundo já sabe: o rock independente brasileiro, hoje, trafega por ilimitadas linguagens e faz um mix (ou ponte) com diversos outros gêneros da música pop. O resultado desse mix geralmente é positivo, embora ainda existam grupos visivelmente sem condições de participar de um evento musical com mais envergadura, como um festival de rock – ainda que este tenha uma produção modesta, embora correta e bastante profissional, como foi o caso do GR São Carlense.

No Grito Rock de São Carlos, todos os gêneros conviveram em harmonia no pequeno palco montado no Armazém (um bar localizado em um sobrado antigo e de arquitetura clássica, o que dá um charme a mais ao local). Entre as cinco bandas que se apresentaram na primeira noite e as dez que tocaram na segunda (uma acabou não comparecendo), deu gosto notar que o público se entusiasmava e acompanhava pra valer e com grande interesse tanto as delicadas e bucólicas nuances do folk contemporâneo e algo moderno do paulistano Home Pie (sem dúvida, o grande destaque da primeira noite), quanto o esporro sonoro e matador do surf rock do já conhecido campineiro The Violentures. Entre ambos, Inventiva (de Sorocaba) e Gigante Animal (também de São Paulo) também mostraram bom desempenho, principalmente na parte instrumental. Mas o grande fecho ficou mesmo para o trio paulistano Narcotic Love, que procura cada vez mais aperfeiçoar seu sincretismo entre rock e eletrônica – no set swingadíssimo que fizeram no festival (botando a molecada pra dançar animadamente), contaram com a adição de um guitarrista convidado. Mas o grupo já avisou que pretende enveredar cada vez mais pelos meandros da eletrônica, mas sem abandonar o apelo rocker das canções. (na foto: Dysnomia)

Já na looonga segunda noite de shows (que na verdade teve início no final da tarde, junto com a Feira de Cultura e Economia Solidária que aconteceu em frente ao Armazém e promovida pelo coletivo Massa Coletiva, que organizou o festival junto com a conhecida produtora Sara Mascarenhas), pelo menos duas bandas locais chamaram e muito a atenção do público: o quinteto feminino Nota Promissória e a turma do Aeromoças e Tenistas Russas. O Nota Promissória tem um nome cafona mas chamou a atenção por mostrar um rock básico e competente tocado por garotas cujas idades variam dos dez as catorze anos! Isso mesmo: a guitarrista era tão pequena que quase não conseguia tocar seu instrumento, maior do que ela (mas a garota tocou e solou direitinho, o que arrancou olhares de espanto de quem assistiu ao show). Já o ATR (na verdade, um bando de marmanjos barbados) botou todo mundo pra dançar com altas doses de groove, samba rock à la Benjor e Max De Castro e muita adrenalina instrumental. Uma receita que foi seguida pelo ska mezzo Moveis Coloniais de Acaju (olha aí o grupo brasiliense já influenciando outras bandas) do 220 Skabar (fotos) .de Londrina, e que manteve a fervura na pista do bar. E o GR prosseguiu nesta noite mostrando uma diversidade sonora e respeito e atenção do público, que permitia tanto que se batesse a cabeça com o metal extremo do cuiabano Venial (a banda pratica um estilo de rock que este repórter definitivamente não gosta, mas há de se ressaltar que o grupo mostrou competência instrumental de sobra em seu set curto porém intenso), quanto se apreciasse as delicadas nuances do Alma Mater (de Ribeirão Preto), banda altamente influenciada pelo post rock de Radiohead e Sigur Rós. Talvez, por isso mesmo, eles tenham desperdiçado as intervenções de cordas (produzidas no palco por um violoncelista e por uma violinista) em um PA com poucos recursos de equalização e mixagem e onde a guitarra e a bateria encobriam quase que totalmente estas cordas. Ainda assim, o Alma Mater terminou sua apresentação sobre aplausos entusiasmados do público. O mesmo público que também curtiu o show do paulistano Visitantes (que já estão se tornando bem conhecidos no circuito alternativo) e do local Ubelina 69.

Foi isso. É importante ressaltar que o Grito Rock de São Carlos foi um modelo de organização. Quase não houve atrasos no início dos shows em cada noite, a troca das bandas era feita com bastante agilidade e toda a equipe envolvida na produção do festival se mostrou competente e atenciosa para com os músicos participantes e jornalistas que estavam por lá, cobrindo o evento. Se tudo começou em Cuiabá há alguns anos e lá, até hoje, atrasos e falhas organizacionais costumam empanar o brilho da "Nave mãe" do GR (uma marca que é distribuída para qualquer cidade brasileira que queira realizar o festival, mas sendo que cada município tem que arcar com toda a produção do evento, sem nenhum apoio externo da matriz criadora da marca), talvez a edição realizada em São Carlos seja um exemplo a ser seguido por esta mesma "Nave mãe".

fonte: http://dynamite.terra.com.br/blog/zapnroll/archives.cfm/date/2009/2

fotos: Rafael Rolim