segunda-feira, 8 de março de 2010

Segunda turnê do Fora do Eixo movimenta cenas locais

As bandas Porcas Borboletas e Aeromoças e Tenistas Russas farão 11 shows em 12 dias; turnê começa dia 18/03 em Uberlândia (MG) e segue para o interior do estado de São Paulo

Van, shows e duas semanas na estrada. Esta será a vibe para as bandas Porcas Borboletas (MG) e Aeromoças e Tenistas Russas (SP) que realizam turnê entre os dias 18 e 29 de março, desbravando mais de dez cidades do interior de Minas Gerais e São Paulo. A turnê tem início em Uberlândia, segue para Uberaba e se estende até o estado de São Paulo, onde passará por São Caetano, São Carlos, Bauru, Campinas, Ribeirão Preto, Sorocaba, Araraquara, Franca e Bragança Paulista.
A ação é promovida pela Agência Fora do Eixo - núcleo de trabalho da rede Circuito Fora do Eixo, cuja função é facilitar shows e turnês - em parceria com a rede de coletivos de São Paulo e Minas Gerais. O objetivo é delimitar rotas para o Sul do País e coletar informações sobre as cidades visitadas, como por exemplo público, produção e hospedagem. "No fim da viagem a ideia é que tenhamos rotas bem nítidas para a circulação de bandas entre o Centro-Oeste e o Sudeste e que a música independente ganhe visibilidade nos contextos locais", explica Marco Nelasso, membro da comunicação da Agência Fora do Eixo.
Esta será a segunda tour oficial organizada pela Agência Fora do Eixo. A primeira aconteceu em dezembro de 2009, quando as bandas Burro Morto, Porcas Borboletas e Macaco Bong cruzaram 11 cidades do Nordeste e de Minas, em apenas 13 dias. E assim como na primeira experiência de turnê integrada, registros diários com fotos, textos e vídeos poderão ser acompanhados no blog Fora do Eixo Tour.

+Bandas
Porcas Borboletas - é hoje o maior representante da cena indie mineira. Produziu o primeiro disco "Um carrinho com dentes" em 2004 e impressionou nos palcos com uma presença irreverente e performática. Em 2009, lançou o segundo disco "A Passeio" através do Compacto.Rec - projeto mensal de lançamento musical em rede - que obteve mais de 3 mil downloads, destaque na imprensa especializada, proporcionando à banda presença em diversos palcos do país como Goiânia Noise, Feira da Música Brasil, Jambolada, Calango e 3º Festival Contato (foto).
foto: Rafael Rolim

Aeromoças e Tenistas Russas -
começou a compor em 2007 e em menos de três anos vem se destacando no cenário independente, acumulando participações em festivais como o 3º Festival Contato, Festival Interunesp de Ilha Solteira, Grito Rock América do Sul 2010 (mais de cinco cidades), além de ser um dos destaques do Festival Macondo Circus 2009 (RS). O quarteto de São Carlos possui uma base instrumental rockeira, misturando uma teia de influências que vai do funk ao groove e acid jazz.

foto: Ricardo Rodrigues

+Agência Fora do Eixo
É uma frente de trabalho do Circuito Fora do Eixo que auxilia mais de dez bandas auto-gestoras no suporte e elaboração de turnês, além de assessoria de imprensa e comunicação, logística e técnica. As bandas foram selecionadas pelos próprios coletivos Fora do Eixo e são consideradas referência em seu modelo de gestão de carreira.

CIDADES POR ONDE A TOUR VAI PASSAR

18/03 - Uberlândia (MG) - Goma Cultura em Movimento
19/03 - Uberaba (MG) - Teatro Vera Cruz
20/03 - Franca (SP) - Mestiço Bar
21/03 - Araraquara (SP) - Teatro Wallace Leal Valentin Rodrigues
22/03 - São Carlos (SP) - Rádio UFSCAR
23/03 - São Carlos (SP) - Palquinho Maluco - UFSCAR
24/03 - Campinas (SP) - Bar do Zé
25/03 - Bauru (SP) - Local indefinido
26/03 - Ribeirão Preto (SP) - Bronze Night Club
27/03 - São Caetano (SP) - Espaço Cidadão do Mundo
28/03 - Sorocaba (SP) - Parque das Águas
29/03 - Bragança Paulista (SP) - Espaço Edith Cultura

sábado, 6 de março de 2010

Em Brasília ...

por Felipe Silva


Após a participação de Carlos Magalhães na Teia Paulista dos Pontos de Cultura o Massa Coletiva segue em Circulação pelos Bancos de Estímulo do Brasil, fortalecendo a economia do conhecimento.

À convite de Marcus Vinícius Franchi, participei de um Grupo de Trabalho sobre a Política Do Estado para Ciência, Tecnologia e Inovação com vista ao desenvolvimento sustentável. O Encontro funciona como uma espécie de pré -conferência de Ciência e Tecnologia e reuniu em um hotel de Brasília membros da sociedade civil e representantes de diferentes organizações do Terceiro Setor. Chancelado pelo MCT esse encontro constitui o Fórum Nacional de Tecnologia Social.

Após um voô de Ribeirão Preto, na chegada à Brasília eu e Marcus ainda nos juntamos ao companheiro Ahmad Jarrah da CUFA – Central Única das Favelas - antes de irmos até a UNB para o lançamento de uma linha de pesquisa da Incubadora de lá que inaugurava um campo de pesquisa sobre empreendimentos solidários de Arte e Cultura.

Tudo ia bem se não fosse a leitura das entrelinhas. Entre congratulações e tapinhas nos ombros, Marcus Franchi descobriu que o projeto de APL com o Movimento Hip Hop da Ceilândia do qual ele é gestor era o objeto da pesquisa, que por sua vez possuí uma grande linha de financiamento conectada diretamente ao ministério de Ciência e Tecnologia. O problema é que os acadêmicos se esqueceram de avisar a comunidade e os gestores do processo desse fato e agora o movimento inicia mais uma luta, a de ter bolsas dessas pesquisas destinadas aos manos e minas da comunidade da Ceilândia onde o processo é gerido. Acabou sendo uma oportunidade de lembrar que a acadêmia ainda está muito distante da gênese das tecnologias sociais; a ocasião ainda reforçou a minha lembrança do privilégio que temos de trabalhar com a UFSCar que constantemente busca ações e programas que a comprovem como uma universidade inovadora.

Antes de encerrarmos as atividades ainda tivemos a oportunidade de jantar com Alfredo Serkis, militante revolucionário de longa data que fez parte da luta armada de resistência a ditadura e que hoje é o coordenador nacional da campanha presencial de Marina Silva. Papos políticos em clima descontraído encerraram a primeira noite em Brasília.

Na manhã seguinte bem cedo Eu, Jarrah e Franchi nos dirigimos para o Hotel Phenicia, mais precisamente no Salão Mármore para a reunião do Fórum Nacional de Ciência e Tecnologia, em âmbito de pré-conferência para alinharmos a nossa estratégia para a conferência que será realizada em Maio.

O Fórum, é um ambiente político muito interessante; Cultura, Economia Solidária, Tecnologias Livres, Meio Ambiente entre outras áreas reunidas para programar as políticas públicas que borram as fronteiras da produção de conhecimento valorizando um fluxo de saberes que complementa o pulso das organizações conectadas em rede. O Fórum reunido produziu um documento apontando as reivindicações que serão feitas na Conferência Nacional de Ciência e Tecnologia.

A avaliação do Fórum foi bastante positivo e em um ambiente de bastante consenso conseguimos emplacar a Cultura e a Economia Solidária como varadouros interministeriais na construção de políticas públicas para tecnologias sociais. O grupo saiu fortalecido para nossa participação na conferência e ainda pautamos a reivindicação de uma cadeira no conselho nacional do MCT.

A experiência em Brasília ainda teve um momento muito interessante quando fomos a um centro de atendimento a menores infratores em regime de semi-liberdade. O propósito da visita era criar uma parceria entre o centro e as atividades do APL do Hip Hop da Ceilândia. Durante o encontro um dos jovens que estava encerrando a sua pena entrou na sala para se despedir dos funcionários da unidade. Foi um momento de muita emoção.

Antes de partir ainda tivemos um rápido encontro com Everaldo do Coletivo Cultcha que é o Ponto Fora do Eixo em Taguatinga. O encontro possibilitou a conexão de Marcus Franchi com o coletivo que por já atuar nas cidades satélites são um parceiro em potencial das atividades desenvolvidas na Ceilândia.

Dias Intensos e missões cumpridas. De volta a São Carlos.

sexta-feira, 5 de março de 2010

Gravação da música Kirilenko da banda Aeromoças e Tenistas Russas

por Gustavo Koshikumo

Todos os passos da gravação da nova música da banda Aeromoças e Tenistas Russas, gravada no Estúdio Massa Coletiva, AQUI.

Download Kirilenko : MP3 - WAV

quinta-feira, 4 de março de 2010

Upgrade no estúdio Massa Coletiva

por Gustavo Koshikumo

Upgrade no estúdio Massa Coletiva

Obs: as informações contidas nesse texto foram escritas por um amador em acústica. O texto não tem como objetivo ensinar, apenas descrever o que foi feito. Essas alterações foram feitas usando como base apenas material da internet e muita experimentação!

O lugar
A edícula tem 3 cômodos, sendo 2 quartos na ponta, e uma cozinha no meio. Decidimos por usar um quarto como sala de gravação e a cozinha como técnica. O quarto tem 3,5m x 4m e 2,7 de altura, medidas que não são ideais para uma sala de gravação. Além disso, nem de longe o lugar parecia um estúdio, ainda mais com a cozinha do lado. Era preciso pensar também na estética.

Fizemos alguns ensaios e alguns testes de som antes de tudo. Dava pra perceber que sobrava muita frequência alta e tinha bastante daquele "som de sala". Quanto às frequencias mais baixas, ficava óbvio também um certo desconforto.


O upgrade


No chão, foi colocado um tapete com "pêlos" bem grossos, objetivando amaciar parte das frequencias altas.



Nas paredes, em algumas partes, colchonetes ortopédicos e placas com madeirite e as famosas caixas de ovo, revestidas com um tecido, inclinadas, em 2 paredes. No teto, caixas de ovo revestidas com tecido, grudadas no teto com cola quente.



As mesmas placas com madeirite e caixas de ovo revestidas com tecido, em 2 cantos da sala. Entre as placas e os cantos das paredes ainda tem pedaços de colchões. Essas placas seriam os "bass traps".


Na janela e na porta de metal, 2 edredons velhos (roooots). Nas paredes, 2 suportes para instrumentos e caixas de som apoiadas com mãos francesas.


2 suportes para cabo handmade, atrás da porta.



3 suportes para pedestais de microfone


O resultado
Não fica claro dizer o que fez o que exatamente, em termos de acústica. Foi algo totalmente experimental e sem muitos parâmetros. Mas com certeza o som melhorou. Os agudos estão menos presentes, a sala não ficou "morta". Por causa disso, os graves estão mais claros, mas acho que não houve muita mudança nessas frequências baixas. Mais preocupante que isso era o "som de sala", que deu uma bela melhorada também - mas ainda existe. Como mencionado, o resultado estético também era importante. Esse objetivo foi alcançado, deixando a sala com um "ar" de estúdio mesmo. A cozinha, apesar do computador, dos monitores, da mesa de som, ainda parece uma cozinha, infelizmente. :(

Gastos da obra:
caixas de ovo: R$12
cola quente (pistola e bastão): R$ 20
tecido para as placas de parede: R$ 25
2 placas de madeirite 2,2m x 1,1m: R$ 35
ferragens (pregos, parafusos, etc): R$30
Total: R$ 122

Já havia bastantes materiais disponíveis: tecidos, ferragens, tapete, madeiras, etc.
Enfim, acho que valeu o trampo. O próximo passo agora é gravar a primeira música.
É nóis!

São Carlos participará da Mostra Artística TEIA dos Pontos de Cultura em Fortaleza (CE)

Desde 2006 São Carlos começou a fazer parte do programa Cultura Viva do Ministério da Cultura, com aprovação da Teia – Casa de Criação como Ponto de Cultura. Este coletivo foi selecionado também anos depois no edital dos Pontões de Cultura com o projeto Nós-Digitais, sendo responsável pela coordenação de outros pontos no estado, voltado mais especificamente para a difusão e utilização de Softwares Livres. No final do ano passado, São Carlos foi contemplado com mais dois pontos, com o Canal Aberto Espaço 7 e o Independência ou Marte – Conexões Solidárias.

Este mês acontece diferentes encontros regionais e nacionais destes Pontos de Cultura, em busca de afinar os trabalhos, trocar experiências e se afirmar de maneira coerente como uma rede realmente integrada. De 26/02 a 02/03 aconteceu em Guarulhos o encontro regional do estado de São Paulo e de 25 a 31 de março acontece a TEIA Brasil 2010 – 4º Encontro Nacional de Pontos de Cultura, na cidade de Fortaleza (CE), que contará com representantes de São Carlos com dois delegados eleitos para compor a Comissão Paulista de Pontos de Cultura, sendo um do Independência ou Marte - Conexões Solidárias e o outro do pontão Nós-Digitais.

Para esse encontro, foi aberto também um novo edital, desta vez para a Mostra Artística dos Pontos, nas áreas de Teatro, Artes Integradas, Artes Visuais, Dança, Circo, Música e Cultura Popular. Dentre as 88 apresentações selecionadas de todo o país, novamente a cidade foi contemplada, com a Discotecagem Radiofônica Independência ou Marte. O projeto é uma vertente do ponto de mesmo nome, e possui seleções sonoras que abarcam a diversidade da música brasileira contemporânea, com muita experimentação, samples e outras intervenções.

A Discotecagem Radiofônica completa 2 anos de existência neste mês, e ganha como presente esta nova apresentação no Nordeste, onde fez uma tour em agosto do ano passado. Já acumula no currículo também apresentações em diversos lugares do país por estados como Mato Grosso, Acre, Minas Gerais, Rio Grande do Norte e Pernambuco.
foto: Rafael Rolim

quarta-feira, 3 de março de 2010

DIAS EM TRÂNSITO PARTE 5 FINAL

por Carlos Magalhães

Está tudo acabado? Os dias passaram rápidos como estrelas cadentes nas noites estreladas de verão. O sentimento de saudade e uma pequena tristeza tomam conta do meu corpo. A tristeza de estar longe daqueles que ficaram tão próximos em tão pouco tempo. A tristeza em saber que só daqui a algum tempo estaremos todos juntos novamente. Quem são eles? Quem somos nós? A vida toda dançando na nossa frente e a única coisa que podemos fazer é tentar acompanhar a música, bailar feliz, alegre, sorrindo para rostos desconhecidos, abraçando e trocando carinho com pessoas que nunca vimos antes. Todos unidos por um mesmo sentimento, por uma mesma força, a cultura brasileira, a cultura das vidas humanas e de toda a graça que existe no mundo.

Os dois últimos dias da Teia paulista de pontos de cultura Guarulhos/SP foram preenchidos por debates, grupos de trabalho, plenárias e outras coisas mais para alimentar a programação do II Fórum paulista de pontos de cultura.

Um fórum é como uma escola, ¨você sempre irá aprender e ensinar alguma coisa, errando ou acertando, mas sempre irá aprender ensinar alguma coisa¨ e novamente as sábias palavras de Lumumba me vem a mente. Aprendi a escutar, entender e me posicionar nos momentos corretos. Aprendi isso errando e acertando. O grupo de trabalho que participei foi definido seguindo o critério de Macro Regiões, desenvolvido para conseguir permitir um coro interessante de pessoas por regiões no estado de São Paulo. Eu era um dos representantes da região Central, estavam presentes também as regiões de Ribeirão Preto, Franca e Barretos neste grupo de trabalho.

Os temas debatidos pelas pessoas eram os mesmos em todos os grupos de trabalho (ao todo 12 GTs) os grupos eram coordenados por uma facilitadora e um redator. Essa dupla facilitadora/redator eram os responsáveis por sistematizar o pensamento e as diretrizes desenvolvidas pelo grupo e apresentar esse conteúdo na plenária para todos os pontos de cultura e representantes do poder público.

No primeiro dia dos GTs, as pessoas se apresentaram e teve início o debate. Um senhor que também entrou na rede pelo edital de pontos de cultura do estado de SP começou a tentar pautar o debate, levantando questões como capitalismo agressivo, levar a cultura àqueles que não tem (sic), questionamentos como por que as mulher, gays e negros não estão no poder e outras frases chavões que caracterizam tanto o preconceito e o racismo do pensamento branco hegemônico da sociedade paulista. Dessa vez toda minha raiva e indignação não precisaram ser contidas, todo meu sentimento pôde ser colocado para fora por minhas palavras e pela inteligência coletiva.

Resumindo fui pra cima, desmoralizei o discurso do cara e de bate pronto conquistei meu primeiro opositor na rede e me posicionei junto àqueles que lutam por uma transformação social pela cultura. As pautas que ele tentava trazer foram todas combatidas e um pensamento sobre cultura pôde ser desenvolvido pelo grupo.

E esse foi apenas o primeiro dia! Depois as pautas foram levadas e aprovadas pela plenária tendo início o segundo dia de debates dos Grupos de Trabalho. Era o momento de decidirmos quem faria parte da comissão paulista de pontos de cultura e o que é essa comissão, quais são as entregas que ela deve fazer para aproximar os pontos e tentar começar a construir algo como um movimento social.

Novamente nosso amigo reacionário tentou pautar o debate e novamente eu e outros membros do nosso grupo de trabalho nos posicionamos contrariamente às suas opiniões trazendo outros debates para a rede. Entendi então qual o grande problema do edital que participei e que nos inseriu na rede de pontos de cultura. O programa Cultura Viva não foi descrito no edital e todas as pessoas do nosso grupo que eram como eu, filhos da nova geração do edital, não conheciam o programa. Isso já acendeu um sinal de alerta na cabeça de todos! O programa é a base conceitual e o plano que permite uma mínima identidade entre os pontos de cultura, sem esse norte há uma grande chance de se deturpar e mudar o caminho que os pontos estão trilhando. As pessoas presentes entenderam a importância de se informar sobre o programa Cultura Viva. O próprio catálogo que recebemos no credenciamento do evento já é suficiente para se introduzir o programa.

Esse foi o dia que mais consegui participar e ajudar. Trouxe uma ferramenta que já existe e está em prática no movimento social que faço parte, o Circuito Fora do Eixo. A ferramenta é a da circulação, aproveito o espaço aqui para colar o tema que foi levado como uma das diretrizes dessa comissão e que será o trabalho que irei desenvolver junto aos outros pontos ao longo desse ano:

A circulação é a ferramenta para criar musculatura e melhorar a relação entre os próprios pontos de cultura. Pois um representante de um ponto de cultura viajando pela macro, visitando todos os pontos, conhecendo as bases desses pontos, dormindo na casa desses pontos, vendo as apresentações, os trabalhos de formação que eles desenvolvem e aproveitar esses encontros para que longe de um contexto influenciado pelas campanhas políticas, permita a criação de um campo fértil para surgirem as pautas e as propostas como movimento.

Após o debate e a redação das diretrizes, começamos a escolher quem seriam os representantes da comissão paulista de pontos de cultura. Aí cometi meu maior erro, elaborei na minha cabeça a comissão ideal e a propus em minha primeira fala. O erro foi não ter conversado isso com todas as pessoas antes e ao invés de falar a comissão que considerava ideal, apenas me colocar à disposição de compor essa comissão.

A comissão que propus foi a mais votada e será a representante da nossa macro região na próxima comissão paulista dos pontos de cultura. A única pessoa que não votou em mim foi o amizade reacionário, esse talvez tenha sido um grande acerto meu, deixei claro minha posição, não estava ali pra compor com ele nem para evitar um desgaste, estava personificando a resistência a esse cara.

Fui escolhido pelo grupo de trabalho para apresentar nossas idéias frente à plenária. Consegui executar esse trabalho, confesso que um certo nervosismo tomou conta de mim alguns minutos antes da apresentação. Mas lembrei das sábias palavras que meu camarada Felipe Silva disse minutos antes da plenária:¨lembre-se, mantenha a respiração calma o coração batendo no mesmo ritmo, não deixe as emoções te conduzirem, seja verdadeiro que vai dar tudo certo¨. Então parei, tentei meditar um pouco, olhei para as pessoas que me passavam confiança, peguei o microfone e apresentei as ideias, foi tudo calmo, simples e natural.

Então as propostas todas foram apresentadas e começou o debate para eleger o representante e seu suplente do estado de São Paulo na comissão nacional dos pontos de cultura. Aí o bicho pegou!!! O moderador da mesa, que mais parecia um trator do que um ser humano, atropelava a tudo e a todos. Até que Iki Banto se revoltou e começou a questionar aquele comportamento e todos começaram a questionar o valor daquela mesa na condução do debate. Então a mesa ficou um pouco mais humilde... O ser humano é impressionante mesmo, o cara só por ter o microfone e uma experiência em moderação se achava um Deus que podia humilhar e menosprezar os outros, só quando uma pessoa se revolta levanta a voz e ameaça sua integridade cai a ficha da pessoa que ela está sendo escrota e precisa mudar seu comportamento.

Talvez esse seja o grande ponto, não podemos mais baixar a cabeça nem aceitar as coisas que são enfiadas goela a baixo, já é hora de levantar a cabeça, olhar para os lados e ver que não estamos sozinhos, ver que estamos juntos, caminhando em uma mesma direção, que nossas armas são a nossa cultura, que nossas bases são nossas famílias (no sentido mais amplo que essa palavra possa ter), as pessoas que nos amam e todos aqueles que estão conosco onde quer que vamos. Estamos juntos, mudando o comportamento, vivendo a transformação em nossos corpos, corações e mentes. Ninguém veio ao mundo, está vivo sem um motivo, sem um propósito, estamos vivos e temos de agradecer isso pois esse é o espaço e tempo que temos para mudar, deixar algo para aqueles que virão, olhar para os que já existiram e mostrar seu valor, transcender por nossas ações o corpo e a alma tornando nossas vidas ecos de alegria e transformação, semeando novos mundos onde o dinheiro e a ciência não são maiores que a natureza e a saúde dos seres humanos.

Aproveito essas últimas linhas para deixar aqui uma referência às pessoas importantes que me ajudaram a entender toda essa transformação social que estou vivendo durante a Teia: Daniel (São Carlos), Lumumba (São Luís do Paraitinga), Mariana di Stella (São Paulo), Tony (Franca), Joice (Hortolândia), Iki Banto (Campinas), os pretos do hip hop que improvisavam nas festas disparando palavras como flechas na alma das pessoas, as mulheres que cantavam e batucavam como deusas e todos aqueles que com um sorriso, dançando e cantando comigo viveram momentos marcantes que se perderão em nossas memórias mas ecoarão por toda a eternidade.

Mulher brasileira / aonde é que está você?

Um beijo Brasil! Essa noite iremos dormir juntos em braços esplêndidos para acordar em outro lugar, em um novo mundo.

segunda-feira, 1 de março de 2010

DIAS EM TRÂNSITO PARTE 4

por Carlos Magalhães

Vamos mudar um pouco o foco, vamos olhar agora a Teia sobre outra perspectiva. Pois foi essa nova perspectiva que aconteceu esse domingo, dia 28.

Comecei a interagir com o pessoal da comissão organizadora da Teia - mais especificamente com Mariana Di Stella. Essa comissão é grande, com diferentes frentes de ação. A que conheci melhor foi a de comunicação, pra vocês entenderem o trabalho de comunicação que vem sendo desenvolvido acessem o site da teia:

teiapaulista.redepaulistadepontosdecultura.net

Nesse site você pode encontrar todas informações sobre a organização dos pontos de cultura do estado de São Paulo. Vale a pena conferir para estudar.

Essa foi a parte boa do dia, depois começou a parte ruim. Para abrir o II Fórum Paulista de Pontos de Cultura, foram convidados a uma mesa uma pessoa de preto representando o ministério da cultura, um camarada de branco representando os pontos de cultura e um camarada de salmão representando o governo do estado de São Paulo.

E em suas falas, a mina de preto colocou seu interesse, deixou claro seu processo, ela estava no MINC como uma militante da cultura que tem como plano de vida essa transformação social através de ações como os pontos de cultura. O camarada de branco também se posicionou falando que tem como maior desafio transformar os pontos em um movimento social, mas o cara pálida salmão não se posicionou. Disse que estava feliz com aquilo e tratou a questão dos pontos como um mecanismo pra atingir as pessoas e tals.

Mas a que veio esse cara? Qual o interesse dele na história? Quem é ele? O que o governo do estado tem de interesse com a cultura brasileira?

O governo do estado de São Paulo está para o Brasil, assim como o EUA estão para o mundo. São os reacionários elitistas detentores do meios de comunicação e de um pensamento padronizado.

Quem é a base do governo do estado de São Paulo? A próprio mídia paulistana, o Datena é base dos caras, a PM é base dos caras, as escolas estaduais caindo aos pedaços, a FEBEM, essas são suas bases.

Nesse processo de revolução cultural que estamos vivendo, fica claro que eles não estão conosco. Eles são nossos inimigos. E foi pelo instinto de sobrevivência que eu pude perceber isso. O cara de salmão falava e meu sangue fervia. Eu me senti impotente e puto de ver o inimigo tão próximo mostrando suas garras e ainda colocando-se como um admirador do que estava acontecendo.

Sai realmente transtornado com aquilo tudo. Não entendia o que estava acontecendo. Na noite anterior no mesmo lugar, alegria e vida... De repente todos sérios, tensos, saindo olhando pro chão tristes confusos.

Não conseguia me entender, por que estava tão nervoso? Quando cheguei no hotel encontrei Lumumba e saimos juntos para jantar.

Lumumba é como um avô para mim, eu sou como um neto para ele. Estávamos juntos já antes de nos conhecermos e Lumumba como sempre tinha a sabedoria com ele pra me ajudar a entender aquele desgosto que sentia.

Ele disse: ¨O que você sentiu foi seu instinto, nós ainda vivemos na selva e você percebeu seu inimigo. Mas você foi esperto sábio, agiu como um líder. Sabia que não poderia atacar naquele momento pois acabaria perdendo. Estude, entenda quem é seu inimigo e a vida vai lhe proporcionar o momento correto para agir¨.

E se olharmos o papel do governo do estado de São Paulo nos últimos anos e seu maior referencial cultura que é a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, fica ainda mais claro em qual lado está o governo do estado. Eles estão com os europeus, com quem escravizou seres humanos, promoveu guerras, instituiu a ciência como verdade, criou padrões de beleza e comportamento. Mas qual o interesse do governo do estado hoje? Quando eles irão mostrar sua cara e falar a que vieram na cultura?

Depois disso começamos uma longa conversa sobre ancestralidade, função no mundo, relação com a natureza, como entender o momento presente e valorizar o presente que a vida te oferece. Contei a história de minhas origens de classe média, burguesas e da minha vontade de mudar o rumo de minha vida. Lumumba entendeu tudo e como sempre trazia sabedoria e paz para minha alma, para entender o momento presente e valorizar os dias que se passam como dádivas, presentes que a vida oferece.

Fiquei tranquilo, feliz, entendi o presente que a vida estava me oferecendo. Comecei a entender melhor meu inimigo, percebi também que tenho a comunicação e o movimento social - o Fora do Eixo - como armas pra enfrentá-lo.

Um beijo Brasil! Seus inimigos estão mostrando suas armas e a esperança está mais viva que do que nunca para enfrentá-los.