quinta-feira, 8 de abril de 2010

Resenha do Palquinho Maluco - Calistoga + Pé de Macaco + Discotecagem Radiofônica

Por Nilo AMF Gomes

Nessa terça-feira 6 de Abril, apesar do frio, foi realizada no Palquinho da UFSCar mais uma edição do Palquinho Maluco, uma realização do Massa Coletiva e do Circuito Fora do Eixo.

Por uma coincidência de datas, seriam realizados no mesmo dia tanto o Palquinho Maluco quanto a festa de abertura do Tusquinha (versão reduzida da Taça Universitária de São Carlos, com jogos entre os calouros da USP e UFSCar). O que começou como um problema, tornou-se uma parceria transformando as duas festas concorrentes em uma grande festa com dois ambientes. Pessoas que não estariam num Palquinho Maluco passavam por ali, ouviam um pouco das bandas, da Dscotecagem Radiofônica, davam uma olhada na banquinha e conheciam melhor o cenário independente nacional, talvez ecletismo tenha sido a palavra. E a diversidade já estava na programação do nosso cantinho aonde subiram ao palco o samba-rock-soul-reggae-baião do Pé de Macaco (Bauru-SP) seguidos do hardcore do Calistoga(Natal-RN), nos intervalos rolou a Discotecagem Radiofônica Independência ou Marte comandada pela DJ Yasmina.

Pude acompanhar o primeiro show da Pé de Macaco no festival Interunesp de MPB de Ilha Solteira, na época eles eram uma banda cover formada para tocar naquele lamacento festival (que lembrava, tomadas as devidas proporções, um outro famoso festival lamacento) que mandava alguns sons bem diferentes entre si ligados por uma "dançância" em comum.

Depois daquela experiência eles decidiram levar o projeto pra frente. Nesses últimos meses, ensaiaram e compuseram intensamente e ajudaram a montar o coletivo enxame (ponto Fora do Eixo em Bauru) que já nos recebeu algumas vezes.

Hoje o Pé de Macaco conta com um repertório (quase) totalmente autoral experimentando varias formas de fazer Rock sempre temperado com ritmos Brasileiros. Experimentando vários pesos e medidas dessa mistura evocando Jorge Ben, Roberto e Erasmo, Simonal, Mutantes, Novos Baianos, A cor do som, Mundo Livre S/A, Barão Vermelho, Nação Zumbi, Raimundos, Planet Hemp e outros mais.

Tim Maia e Bob Marley são influências mais que explícitas, um na versão de Concret Jungle e na vibe reggera e outro no Rock/Baião/Axé que fala do Coronel Antônio Bento, aquele que mandou trocar a sanfona pela guitarra lá no começo de toda essa história de enfiar rock no meio da musica brasileira. História que, hoje, o Pé de Macaco quer ajudar a escrever.


Uma das experiências mais interessantes propiciada pela multiplicidade do cenário independente atual é quando se é conquistado por uma banda de um estilo musical que, a priori, você nunca se interessou. Foi o que me aconteceu com Calistoga, fiquei meio estupefato com a situação, nunca fui muito do Hardcore, e sou um grande desconhecedor dessa vertente - que não sei o nome - viajante-pesadona-gritada-melódica. O pouco que ouvi, gostei, mas não empolgou. Mas os meninos de Natal me abriram os olhos (e os ouvidos).


O quarteto funcionava como uma máquina, uma metralhadora de sutilezas funcionando azeitadissima. Não parava de lembrar do Chello (Porcas Borboletas, ex-Dead smurfs) preconizando: "Não precisa ser mal tocado pra ser punk rock" arranjos complexos, timbres diversos, efeitos de voz, mudanças de dinâmica e um cara que gritava afinado demais num inglês com sotaque potiguar. Eles até brincaram "pode achar nosso sotaque engraçado galera" mas acho que o nordestêis junta muito bem com o idioma ânglo-saxão.

Foi tanta pauleira que eles conseguiram - eu nunca tinha visto isso - arrebentar uma corda contrabaixo (aquela, da grossura do meu mindinho), tendo que fazer uma pausa técnica, improvisando um reggae (a mesma coisa aconteceu no show da Pé de Macaco, quando arrebentou a corda da guitarra). Mesmo isso não conseguiu desanimar o público e a banda, que entrou no palco reclamando do frio e conseguiu deixar o palquinho quente como sua cidade Natal. O show ainda contou com a participação especial de J. Getho que fez um improviso em cima de uma das musicas jogando tempero Hip-Hop na mistura que fez a noite de terça-feira deixar um gostinho de quero-mais nos presentes.

Nada que não se resolva na Terça-Feira 13 de Abril, com mais uma edição das Noites Fora do Eixo no Palquinho maluco, com as bandas : Burro Morto, Caldo de Píaba e Cabrêra. Até lá!


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