domingo, 28 de fevereiro de 2010

DIAS EM TRÂNSITO PARTE 3

Por Carlos Magalhães

Após o rápido encontro com o camarada Felipe Silva na Teia Paulista de Pontos de Cultura, começa a cerimônia do prêmio Asas do programa Cultura Viva. Diversas estatuetas arrumadas na mesa, para premiar diversos Pontos de Cultura, da primeira geração de pontos divididos em todas regiões do Brasil. Eu sentei ao lado de Lumumba na primeira fileira, bem próximo ao palco onde a cerimônia estava acontecendo. Sentamos eu, Lumumba e uma criançada que havia se apresentado durante a tarde.

De tão perto que estava, pude escutar as pessoas homenageadas e os cerimonialistas conversando. Estavam todos tão alegres, sorriam, traziam a esperança em suas palavras. Quando o secretário de cultura da Guarulhos e Célio Turino falaram para introduzir que prêmio era aquele - dar asas àqueles que sonham em voar e ver lá de cima, como um passarinho como somos pequenos, como a natureza é imensa, como os rios correm e o ciclo da vida continua em sua eterna transformação - a plateia lotada prestava muita atenção, eram seus líderes que estavam ali na frente, com um discurso declaradamente de esquerda, lutando para construir um novo comunismo, o comunismo do bem comum, da partilha, desconectado das práticas ditatoriais que caracterizaram o século 20. Uma revolução, como outras que marcaram a história da humanidade, está acontecendo no Brasil. Como disse o próprio Che Guevara ¨quando o extraordinário se torna comum é que a revolução já está em curso¨ e era esse momento que meus olhos observavam. Uma diversidade étnica reunida em um grande teatro, para premiar o trabalho desenvolvido em terreiros - que já foram proibidos no Brasil – projetos de educação alternativa, projetos com comunidades indígenas, rituais ancestrais e uma série de outros ações sendo valorizados pelo estado e pelo povo. As pessoas que estavam ali são revolucionárias, assim como nós do Massa Coletiva – e do Circuito Fora do Eixo – entendemos que somos revolucionários.

E essa revolução está de fato em curso no Brasil e nossa revolução acontecerá pela cultura! Pela vontade e alegria das pessoas que querem valorizar o próprio ser humano e colocá-lo à frente do dinheiro, do material, dos interesses individualistas.

E a cerimônia seguia acontecendo, com prêmios e mais prêmios sendo distribuídos, até o momento em que foram esquecidos alguns pontos de cultura que deveriam ser premiados e todo aquele evento bonitinho e organizado deu lugar a uma coisa mais real e verdadeira. As pessoas se levantavam e reinvidicavam o seu direito a receber Asas e de maneira mais orgânica e alegre essas Asas foram distribuídas até que todos se sentissem contemplados e fossem ovacionados pelas pessoas presentes.

Em seguida a última apresentação da noite teve início. O Grupo Musical Misturança subiu ao palco para apresentar um pouco da cultura de Santa Fé do Sul/SP, um grupo de adultos que conduziam crianças num espetáculo de sapateado, viola caipira e coral. As crianças estavam ansiosas, uma pequena menininha não conseguia se concentrar, com os olhos cheios de lágrimas parecia perdida e ficava encarando a regente do coral de maneira misteriosa – talvez mística – anunciando que muita emoção ainda estava por vir.

Começa a apresentação e o equipamento de som não funciona, as crianças vão ficando ansiosas assim como os adultos, o público se preocupa, todos começam a se olhar para tentar entender o que estava acontecendo. ¨Tudo funcionou tão bem até agora? O que houve?¨ Mais crianças ficam nervosas e seus olhos se enchem de lágrimas. As pessoas começam a gritar da platéia ¨Vai sem som! Continua, continua!¨ E o grupo tenta, canta com vontade. Os jovens vaqueiros com seus sapatos mágicos batem os pés contra o chão com força. Mas mesmo assim faltava algo, alguma coisa a mais precisava acontecer para dar mais energia àquela mulecada.

Ai é o momento em que a arte atinge a vida de maneira profunda. Eu que havia aleatoriamente sentado na primeira fileira levanto e começo a gritar para que todos se levantem, batam palmas junto com o grupo e irradiem alegria para manter viva a esperança daquelas crianças de que esse dia era importante para a vida de todos. E aos poucos uma outra pessoa também se levanta e outra e outra e outra e outra... Até que toda platéia se levantou e cantou junto. ¨O marinheiro marinheiro, marinheiro só! Quem te ensinou a nadar? Marinheiro só!¨.

Naquele momento pude perceber que não importava a qualidade estética, nem a tecnologia ou qualquer outro artifício criado pelos seres humanos. O que importava ali era a vida e seu curso. Após uma fala sobre revolução transformação social, econômica e cultural, se aquelas crianças não saíssem de lá marcadas positivamente todo o trabalho desenvolvido estarei em risco.

E foi isso que fez com que eu levantasse e todos ao meu redor também, foi a própria revolução que nos mobilizava. Foi a vida e a esperança que estavam ali novamente mostrando que as coisas não se dão por encerradas, que não estamos derrotados.

E essa comoção contagiou a todos que daquele momento em diante não pararam de cantar e dançar. A festa continuou no coquetel de encerramento, no ônibus que conduziu o povo ao hotel, no hall do hotel onde os pandeiros e tambores não paravam de tocar, na Toca do Espeto - bar que reuniu as pessoas madrugada adentro e continua em mim até agora nessas últimas palavras desse registro emocionado.

Um beijo Brasil! Um beijo a todos aqueles que acreditam em você, é para essas pessoas que dedico essas palavras.

sábado, 27 de fevereiro de 2010

DIAS EM TRÂNSITO PARTE 2

por Carlos Magalhães

Dandara REI! Dandara REI! Dandara, dandara! Sabe o que significa Dandara? Eu também não sabia e resolvi perguntar. Descobri que dandara significa Cobra Bela, Cobra Bonita. Descobri também que as cobras são entendidas como vilãs na história da humanidade graças à tradição judaico-cristã. Que na verdade a cobra é uma criatura até considera divina em algumas religiões africanas.
Esse tipo de conhecimento é que estou conseguindo vivenciar aqui na Teia Paulista dos Pontos de Cultura. O começo do evento foi vibrante, chocante, hipnotizador. De repente tambores invadiram o salão do Centro Municipal de Educação Adamastor, um grupo de aproximadamente vinte mulheres batucavam, enquanto outras dançavam e cantavam, era o Bloco Afro Ilú Obá De Min. As dançarinas na verdade eram corpos humanos que estavam em transe, sendo ocupados por espíritos de deuses africanos. A emoção tomou conta de meu corpo, só conseguia tirar fotos e ficar vidrado nos olhos de Iemanja que sorria e balançava sua saia na minha frente.
Aquele momento foi mágico intenso, mesmo eu sendo um ignorante quanto à religiões africanas, consegui perceber que o divino era retratado naquele espetáculo de dança feminino. E as vozes das cantores, que misturavam dialetos diferentes para purificar e renovar as pessoas ao seu redor. Foi algo impressionante que me tocou muito.
Descobri também que meu apelido Dudu (que sou chamado desde que nasci) significa em uma língua africana preto, mas não preto a cor e sim a pessoa que é preta. Quem me contou isso foi o pássaro preto Lumunba um sábio que está acompanhando aqui a Teia e que consegue enxergar o mundo através do plano físico e do plano astral.
A sabedoria está presente em todos os lugares na Teia, as pessoas aqui dedicam suas vidas à criação, à cultura. Entre projetos de cultura popular, cultura digital, dança, teatro e o escambau estava eu ali, representando uma geração. Começando a entender o tamanho do trem que estamos nos envolvendo.
Vou destacar também a fala de Célio Turino na abertura, ele começou fazendo um breve histórico do ser humano e seu desenvolvimento há cinco mil anos atrás até os dias de hoje. Falou de guerrilha cultural, falou de meios de comunicação de massa que alienam as pessoas e de muitos outros pontos que sensibilizaram a platéia emocionando a todos.
O mais interessante é que muito do que ele disse, foi dito também no Grito Rock São Carlos 2010. Novamente a inteligência coletiva surge e alimenta as mentes e corações daqueles que estão dispostos e lutando por uma transformação social no Brasil.
A Teia também serve para aproximar o Massa Coletiva - ponto de cultura guri na cidade de São Carlos, com o Pontão de Cultura Nós Digitais, conduzido pela Teia Casa de Criação. O ponto de cultura mais antigo da cidade de São Carlos. Conversei muito com Daniel, um dos integrantes da Teia Casa de Criação e percebemos como temos afinidade e como nosso discurso e ação em São Carlos tem de trabalhar em consonância. O que faremos para empoderar a sociedade civil na cidade de São Carlos e emancipá-la da relação de mendicância com as instituições municipais que fomentam a cultura???
Que pergunta hein?! Polêmica eu diria, mas diria também que é uma expressão sincera, entusiasmada, de um coração que bate ao ritmo dos tambores africanos até agora.
Um beijo Brasil! Vamos juntos que chegamos lá!

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Macacada - 26/02/2010

Nesta sexta feira aconteceu no Campus II da USP São Carlos, também conhecida como Caaso, a Macacada.
Durante a tarde e noite diversas atrações musicais divertiram quem foi à universidade em busca de conhecimento. Dentre os artistas que subiram ao palco, o Massa Coletiva contribuiu com a curadoria apresentando à cidade de São Carlos a Banda de Recife Joseph Tourton, que na noite anterior havia se apresentado no Bar do Zé, em Campinas.

Veja mais em www.flickr.com/massacoletiva.




DIAS EM TRÂNSITO PARTE 1

por Carlos Magalhães

A noite caía pela janela umidecida do ônibus, enquanto eu concentrado no computador começava a ler (pela décima vez) e entender melhor o Programa Cultura Viva - por Célio Turino e sua equipe - e o roteiro Delírios de um cinemaníaco - por José de Oliveira, o Zé Pintor.
Dois textos que estão vivos em minha mente e serão fundamentais para meu posicionamento nos dias que seguem.
Bom, vamos por partes certo?! Quinta feira, dia 25, estou indo para São Paulo no escritório da produtora Filmes para Bailar, discutir os encaminhamentos do roteiro de Zé Pintor e também a organização da equipe nos próximos dias.
Pra quem não sabe, estamos realizando, junto à Filmes para Bailar, ao próprio José de Oliveira e outros parceiros o filme que conta a história de vida do Zé Pintor. Esse trabalho que levou anos para amadurecer, agora está em nossas mãos como um fruto quase maduro, exótico e saboroso.
Encaminhamos um encontro presencial de toda essa equipe para os dias 4 e 5 de março em São Carlos. Nesse encontro iremos discutir os caminhos estéticos do filme, as demandas de produção e captação de recursos, o tamanho que iremos dar para o filme e ainda faremos uma exibição em película 16mm dos filmes realizados por Zé Pintor nos anos 60 e70, como teste de gravação para o próprio longa.
O processo de criação do filme pode ser acompanhado em sua página - zepintor.wordpress.com - em breve estaremos alimentado o site com conteúdos gerados no processo de criação do filme, além de disponibilizar o roteiro, as fotos do projeto, texto,vídeos, etc.
Por sinal, esse foi um dos pactos firmados na reunião com a Filmes para Bailar. Disponibilizarmos os conteúdos audiovisuais na internet para tornar acessível à todos o modo como estamos organizando esse filme.
E uma surpresa muito agradável aconteceu durante a reunião com a Filmes para Bailar, um grande amigo Vitor Guerra que havia acabado de voltar ao Brasil após um exílio consciente, trazia notícias sobre ocupações de casas abandonadas, comunidades vegetarianas de artistas e produtores e outras experiências mais que ele pôde viver em terras estrangeiras. Entregas e politizações de vida que podem alimentar muitas mentes e sonhos por aí.
Agora estou em Guarulhos, onde começa hoje - 26/02/2010 a Teia Paulista de Pontos de Cultura! Mas essa é outra história. Uma história que vou contando pra vocês aqui no blog do Massa Coletiva!
Um beijo Brasil, estamos juntos =)

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Shows do primeiro dia do Grito Rock São Carlos disponíveis para Download

Bootlegs do primeiro dia do Grito Rock São Carlos 2010:

Data: 15/02/2010
Local: Estação Cultura
Áudio gravado da mesa de som do PA.

Software usado para gravação: Audacity
Software usado para edição e tratamento de áudio: Ardour

Gravado por Jovem Palerosi e Carlos Gomes
Editado e Tratado por Gustavo Koshikumo

É possivel que haja alguns barulhos e chiados estranhos. Não é defeito de gravação nem edição: é o trem passando!
Infelizmente, não peguei com as bandas o nome das músicas. Se alguém souber, favor colocar nos comments.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Portal Nagulha Surge para Mostrar a Nova Música Brasileira

Estréia em versão beta, no dia 22/02 próximo, segunda-feira, o portal de música e cultura Nagulha. Iniciativa quer ser referência para a informação e discussão sobre a nova música jovem produzida no Brasil.

Na história da música pop, as publicações sempre jogaram um papel fundamental na consolidação de nomes e tendências. Mas a crise da indústria fonográfica e o avanço da internet mudaram drasticamente o cenário na última década. As publicações em papel (incluindo os cadernos culturais dos grandes jornais e revistas) sofrem com a perda de anunciantes, ao mesmo tempo em que seu cada vez menor espaço editorial não consegue dar conta de um cenário progressivamente mais horizontalizado, acelerado e diverso. Ou seja, um momento de crise comercial mas, principalmente, de grande exuberância cultural.

É essa riqueza de produção, o surgimento de bandas e artistas muito promissores vindos de todas as localidades, mesmo (ou principalmente) de regiões sem muita tradição na música e na cultura pop, como o norte e o centro-oeste, que só uma revista eletrônica como o Nagulha pode abordar com consistência.

O editor executivo do Nagulha, Anderson Foca, aproveita sua experiência à frente do site Do Sol, ligado ao festival e à casa noturna do mesmo nome, para desenvolver ferramentas como a ágil cobertura audiovisual dos shows e festivais mais empolgantes, gravações exclusivas em áudio e outras novidades, otimizando na cobertura os recursos tecnológicos disponíveis.

Foca recrutou em Natal o webmaster e jornalista Marlos Ápyus para desenvolver o site. Na frente editorial, foram escolhidos dois nomes expressivos: os jornalistas de música Alex Antunes e Bruno Nogueira. O paulista Alex é veterano de publicações musicais e culturais, tendo passado como editor ou crítico pela Bizz, Rolling Stone, General, Folha Ilustrada, Veja e outras. O pernambucano Bruno é da nova geração, doutorando na área de música e redes sociais, e vem escrevendo para veículos importantes do Nordeste e acompanhando de perto a produção independente.

Financiador inicial da iniciativa, o circuito Fora do Eixo espera do Nagulha uma interface entre a enorme movimentação da cena independente, com seus festivais, coletivos e bandas de crescente reconhecimento, e um enorme público novo a ser conquistado no país. “Essa é a nova música brasileira”, diz Pablo Capilé, do Espaço Cubo de Cuiabá e da direção nacional do circuito. “Já passamos a fase de consolidação da rede independente. Agora o importante é conquistar com essas novíssimas expressões artísticas as lacunas que a crise da indústria fonográfica e da grande mídia deixaram”.


Serviço:

Lançamento do Portal Nagulha

Data: 22 de fevereiro, segunda-feira, meio-dia

www.nagulha.com.br

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Grito Rock São Carlos 2010 – resenhas e outras impressões

por Jovem Palerosi
A terceira edição sãocarlense do maior festival integrado da América Latina ressignificou totalmente a estrutura e organização. O Massa Coletiva propôs um grande espetáculo em dois dias de realização. A segunda e terça de carnaval foram tomadas por bandas independentes de todo país, além de outras apresentações artísticas, agregando Coletivos e diversas iniciativas.

O espaço durante o dia foi o da Estação Cultura, já lendário por ter os trens passando e intervindo junto aos shows, em momentos incríveis tanto para as bandas, quanto para o público.

O mestre de cerimônia, em ritmo de folia, fazia a ponte entre as atrações musicais, teatrais (com o Grupo Urucum de Teatro Experimental), a mostra de vídeos Clarão, a Feira de Cultura e Economia Solidária e a Discotecagem Radiofônica Independência ou Marte, que apresentava as bandas, e fazia outras intervenções alienígenas.Link

Importante lembrar que tudo estava sendo transmitido Ao Vivo também na Web Radio Fora do Eixo, no Canal#2 e em alguns momentos na Rádio UFSCar, em 95,3 FM para toda São Carlos e região.

15/02
Na tarde ensolarada de segunda-feira, pontualmente às 16h, a primeira atração foi de Belo Horizonte, com o
Enne, banda que faz parte do Coletivo Pegada. Muita distorção nas duas guitarras, punch forte na bateria e baixo, e sensibilidade nas letras, em português e inglês. Além de sons dos dois primeiros discos, eles tocaram alguns sons que provavelmente estarão no próximo álbum.


O público começava a chegar em maior número, e quem subia no palco do Festival pelo segundo ano consecutivo eram as meninas do Nota Promissória. Elas possuem toda uma proposta estética muito bem desenvolvida no visual e no formato do show, que conta somente com músicas próprias, que falam de um universo pop rock adolescente. A festa começava, muita gente ficou entusiasmada com a apresentação e desenvoltura delas.

A próxima atração era mais madura, com mais estrada e outras referências, desta vez mais sessentista, com timbres e estrutura musical típicas de bandas de rock mais clássicas. The Wanteds, de Franca, em link com o Coletivo Guerrilha Gig, trouxe sua experiência de quase dez anos de estrada. O show variou com alguns bons momentos, e outros pontos mais frios principalmente na comunicação com o público. Mas nem a longa passagem do trem, que impossibilitou uma melhor audição de alguns sons estragou a empolgação dos músicos que saíram bastante satisfeitos com o evento.

No cair da tarde de segunda, o Grito chegou talvez ao ápice de pessoas na Estação, e justamente em um dos melhor shows deste ano. Eu Serei a Hiena foi a banda que mais se diferenciou entre as dezesseis atrações musicais, pela proposta de experimentação dentro de instrumentos comuns de rock, com duas guitarras, baixo e bateria apenas. A maior parte das músicas são instrumentais e chamam atenção não pelo virtuosismo, mas pela versatilidade e química dos integrantes, que constroem diversos climas dentre de cada canção. Intensidade e suavidade caminhando lado a lado em todos os sons, criando paisagens e poéticas únicas, sem rótulo, ao não ser o da expressão autônoma. No final do show, eles também demonstraram mais uma vez a satisfação em estar circulando pelo Festival Integrado e agradeceram de maneira muito sincera a receptividade de todos.

Então a noite chegou, criando um clima ideal para a entrada de Johnny Hooker & Candeias Rock City. Como enfatizaram diversas vezes ao longo do show, eles vieram do bairro que dá nome à banda, que é de Jaboatão dos Guararapes, grande Recife (PE). De lá, tiram diversas temáticas para o rock muito influenciado pelos Stones, mas com muito mais Glam, principalmente na performance do vocalista, que às vezes exagera em seu posicionamento junkie libertino. Incrivelmente, o público demorou para responder aos constantes estímulos entre todas as músicas, mas no final, depois de muito esforço, se entregaram a idéia e chegou junto a banda, causando um feedback muito interessante para o final do show.

Mas o show que mais teve receptividade do público, sem dúvida alguma foram os “vizinhos” do Rélpis. Eles vieram do Grito que organizaram em Araraquara, muito instigados, e se encaixaram muito bem na programação, já que possuem um espírito carnavalesco nas músicas, o que arrebatou quem já conhecia e cantava junto e os novos fãs que fizeram. Durante toda apresentação, danças e rodas, em clima de psicodelia hippie, marchinhas e rock rural, tudo muito sincero e divertido. A banda é bem madura, mas ainda tende a cada vez mais crescer pela união natural de seus integrantes e pela forma como vivem o processo artístico com um todo. Representaram muito bem o espírito de artes integradas que levantam com a bandeira do Coletivo Colméia Cultural, e deixaram a galera com gostinho de querer mais, porém já era hora de deixar a estação, e ir rumo ao Armazém Bar.

A primeira Festa na madrugada do Grito foi no estilo inferninho. No começo da noite, discotecagem em vinil, com o acervo do Massa Coletiva e depois, os incríveis shows do Almighty Devildogs de Bauru e o Leptospirose, de Bragança Paulista. A primeira apresentação, segundo a própria banda, foi histórica, já que o público se entregou sem barreiras ao surf rock dançante e de pegada forte, com duas guitarras estridentes e samples que se mesclavam ao instrumental, variando entre músicas próprias e algumas versões.

A segunda banda foi quase que uma surpresa para todos, já que cativou todos à base de um som muito pesado, fusão entre punk, hardcore e metal. O vocalista Quique Brown, com seu visual oitentista-pop-fuleiro, fazia diversas intervenções e comentários que aproximavam ainda mais todos da trasheira alto astral. Mesmo quem não conhecia o som, se rendeu ao espetáculo e à jam session da sequência, com os outros músicos do evento se juntando para fazer alguns clássicos do rock. No final da noite, o DJ Ricardo Rodrigues não deixou ninguém nem ao menos respirar com hits de rock, pop e eletro assim como o programa Ouvido Pop, que ele comanda na Rádio UFSCar, onde também é coordenador artístico.

16/02
Na terça-feira o público chegou um pouco mais tarde e o festival acabou começando um pouco mais tarde, mas quase tudo dentro do previsto.

Quem começou a bagunça foi a turma do Ubelina 69, que também havia se apresentado na edição do ano passado. No repertório, músicas autenticamente toscas sobre situações da vida do rock, paródias obscuras, e outras ficções muito bem humoradas. Tocaram músicas do primeiro disco e outras novas que devem estar no lançamento que prometeram para este ano.

Depois, foi a vez do Dom Capaz, banda parceira do Coletivo Goma de Uberlândia (MG), que circulou em diversos Festivais no ano passado, mas veio pela primeira vez para a cidade de São Carlos. Rock, samba, situações de vida e amor permearam toda a apresentação, que foi ganhando intensidade ao longo dos quarenta minutos reservados a eles.

Em clima de narração esportiva, carregando a bandeira do time, o Ibis, chegou de Serrana para apresentar mais uma vez naquele espaço o seu punk rock de várzea. Como eles mesmo ressaltaram no show, o nome do “pior time do mundo” não é a toa, pois representa o espírito de um amadorismo sincero da banda, no melhor estilo faça você mesmo com o que sabe. Mesmo assim, as músicas são bem interessantes, mesclando situações de vida e sentimentos com o futebol, com vocais femininos e muita descontração.

Aliás, essa foi a marca da metade final dos shows. Na sequência foi o Inimitáveis, de Cuiabá (MT), representando a cidade que iniciou a história do Festival Integrado. Eles chegara ainda meio atordoados pela longa viagem, mas vestiram seus ternos pretos e fizeram um show bem rápido e muito bem humorado, com músicas bem ao estilo iê-iê-iê da jovem guarda, influenciados pelos artistas que os fizeram iniciar o projeto. Fizeram somente músicas de sua autoria e uma versão de uma música de Nevilton, que subiu no palco para cantar e errar a letra. Mesmo assim, valeu o espírito de confraternização e o astral coletivo.

O Vandaluz foi outra banda que chegou pela primeira vez na cidade, representando o Coletivo Peleja, de Patos de Minas. Poesia, grooves alucinógenos e experimentações com samples, flauta e outras influências dentro de uma pegada bem rock and roll. Fizeram um dos shows mais animados e instigantes do Festival, cheio de críticas à sociedade e aos comportamentos nas letras. No final do show, ainda teve a histórica parceria com a banda Dom Capaz, com uma som que eles compuseram juntos na estrada; palco cheio e sinceridade boa de grandes músicos de diferentes gerações, integrados pela verdadeira vontade de fazer música.

O último show da Estação foi de Nevilton, banda que carrega o nome do vocalista, de Umuarama (PR). Trio de rock-pop-experimental, a maior parte do repertório foi do recém-lançado EP Pressuposto, mais algumas músicas de singles e outras demos lançadas, além de versões em pout-porri até de Hermeto Pacoal. Durante toda apresentação eles enfatizaram a celebração do carnaval, e fizeram diversas intervenções com o público, como no final, quando desceram do palco, ou quando chamaram o Inimitáveis também para compartilhar a bagunça. O final do show foi catártico, contando com intervenções da Discotecagem soltando efeitos e samples para se comunicar.

O discurso do mestre de cerimônias enfatizou a importância do espetáculo, da revolução na realização e na maneira de enxergar o mundo, e chamou todos juntos para comemorar a festa que ainda não tinha acabado, já que a madrugada ainda era longa.

Assim como no outro dia, todos se dirigiram ao Armazém Bar para mais shows e a Discotecagem Radiofônica Independência ou Marte, que com seu repertório de música contemporânea brasileira fez as honras da casa no início, meio e fim da balada, colocando todos para dançar até quase de manhã.

Quem começou a loucura foi o Aeromoças e Tenistas Russas, banda já referencial na cidade, que vive uma crescente muito boa, de composição e amadurecimento de criação, chegando empolgados também pela circulação nas outras edições do Grito. A maioria das músicas são instrumentais, composições experimentais que fundem gêneros, e em alguns momentos cabem alguns vocais mais rock, samba e funk. A interação com o público foi histórica, com destaque para o momento em câmera lenta, quando todos os presentes na pista simularam um slow motion para as filmagens. Coube ainda uma música nova, ainda sem nome, que finalizou a apresentação, com o improviso de scratches.

Ninguém parou de dançar um minuto depois do show, a pista continuou cheia e na sequência mais um show incrível, desta vez com o reggae cheio de groove e outras experimentações de Juca Culatra & Power Trio. Direto de Belém (PA), eles fizeram o público cantar as músicas, se entregando totalmente às viagens amazônicas, grooves em diálogo com o samba-rock e outras mensagens positivas emanadas. O único momento em que perderam o domínio do show foi nas participações especiais, que fizeram um boa bagunça generalizada, com a galera do Nevilton, Aeromoças e outras bandas invadindo o palco. Só depois de “expulsar” todo mundo, conseguiram finalizar o show de verdade.


O espírito de liberdade e celebração no Carnaval foi contemplado de todas as maneiras possível. Organização, público e artistas contemplados pela magia presente no evento, e a vontade de inventar cada vez mais, sempre juntos.

Fotos:
Luccas Barrossa (Enxame Coletivo), Rafael Rolim e Daniela Teixeira (Massa Coletiva)

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

domingo, 14 de fevereiro de 2010

RRIIIOOOOO!!!!

por Carlos Magalhães

12/02/2010

¨Rio one of the most beatiful citys in the world¨ é com essa citação que abro esse texto. Essa frase foi dita por Arnold Schwarzenegger no vídeo erótico institucional Arnold in rio. Realizado pelo governador da Califórnia, alguns anos antes de se tornar uma estrela de cinema mundialmente conhecida.

Mas essa citação nada tem a ver com nosso trabalho aqui no Rio. Hoje vivemos mais um dia da Coluna Fora do Eixo, desbravando matas densas, buscando encontrar o tesouro perdido na selva paradisíaca brasileira, chamada Rio de Janeiro.

No período da manhã fizemos uma reunião com o Cine Mais Cultura www.cinemaiscultura.org.br, apresentamos o FDE e discutimos uma possível parceria, uma troca de conhecimentos e equipamentos para fortalecer ambas redes sociais. Muito trabalho deverá ser feito para proceder com essa parceria.

Após um almoço solidário em famiglia eu, Felipe e Léo (colaborador do Massa Coletiva), nos encontramos com o pessoal do Coletivo Araribóia Rock. Na verdade a marca Araribóia Rock, não pertence mais às pessoas que encontramos (o Daniel e a Luiza). Como muitos coletivos o Araribóia passou por um processo de transformação. Durante essa transformação eles decidiram que a coisa mais importante a ser feita, era deixar o nome ¨Araribóia Rock¨ seguir seu caminho junto a um antigo membro do coletivo, e as pessoas que continuaram resolveram ampliar os conceitos em um novo nome: Ponte Plural (aguardem!!! Em breve teremos o lançamento oficial do novo nome do coletivo).

Em uma conversa franca, os membros do coletivo contaram o que houve com o grupo, explicaram a divisão e a constituição do novo coletivo. O pessoal do Rio está com um acesso legal a grandes equipamentos culturais da cidade, além de começarem a estabelecer um canal de comunicação importante para o contexto que eles estão inseridos,

Mas as cobranças por parte do FDE (nós) foram feitas, as entregas tem de ser mais esclarecidas na rede, a comunicação do Ponte Plural com o Massa Coletiva e o Goma deve se intensificar, assim como a transparência com o mundo virtual FDE. Ou seja, todos devemos evoluir entender a dimensão de nossas ações e a importância que elas tem para a construção do movimento social, não separando as coisas, mas vivendo-as organicamente.

Ao fim, saímos andando nas ruas, em um dia de pré carnaval, onde muitas pessoas dançavam, bebiam e conversavam como se o mundo tivesse apenas começado naquele dia. É carnaval no Rio e no Brasil!

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Imersões no Grito Rock Patos de Minas

por Jovem Palerosi

Patos de Minas, cidade localizada no centro do estado, realizou pela primeira vez o Festival Grito Rock, capitaneado pelo Coletivo Peleja.
As atividades integradas começaram na 5a feira, com o Cine Debate Arbom Livre, uma iniciativa que busca discutir a questão ambiental, e disseram ter um público muito participativo. Aliás, esta ação é um dos diferencias do Coletivo, que possui inclusive uma contabilização dos impactos causados por seus eventos, revertendo isso com a plantação equivalente de árvores.
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domingo, 7 de fevereiro de 2010

Zé Pintor, o filme - post 1





por Carlos Magalhães

Esse sábado filmamos no cemitério. A cena do roteiro em que Zé Pintor vê uma menininha ajoelhada a rezar e se emocionou. Nasce naquele momento a idéia para seu próximo filme: Sublime Fascinação.

Foi um dia de sol, e a gravação não correu como esperado. A atriz Letícia Mascarenhas, mais conhecida como Lelê, que fez o papel da menininha, não conseguiu atuar, ficou encabulada.

Filmamos apenas imagens com o Renato. Que interpreta o papel de e uma cena com o Felipe Barquete, que interpreta o personagem Carlito.

Essa semana, a equipe de São Carlos ficou de editar o trecho filmado e colocar na internet para que todos possam assistir.

Em breve mais, as entrevistas gravadas estarão disponíveis na internet, para que todos possam entender o processo de construção do filme.

As fotos da gravação estão no álbum do Picasa

O fato da menininha não conseguir interpretar, desanimou um pouco o na hora. Mas após conversa após o set, percebemos que aquele momento foi essencial para mexer com a equipe e principalmente acompanhar a maneira como faz cinema. As tomadas em sua maioria foram em takes únicos, bem rápidas e objetivas. sabia onde a câmera deveria ficar para conseguir fazer as imagens. Se orientava pelo roteiro e escolhia onde deixar o cameraman.

Na verdade não importava o resultado das imagens naquele momento. Estava em questão ali a retomada do trabalho que motiva a vida de Zé, o fazer cinema.
E só de viver aqueles instantes já foram uma maneira de evoluir.

Uma lição desse dia é que o trabalho com crianças tem de ser feito com calma, carinho. Em um processo de construção do personagem, até chegar às gravações. Talvez isso não seja apenas para as crianças. Isso se aplica para todos da equipe.

Vou agora começar a fazer relatos das gravações e de outras idéias mais que surgiram sobre o filme. Até a próxima.

*fotos por Rafael Rolim

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Grito Rock São Carlos 2010



Realização da vinheta: Coletivo Colméia Cultural - Araraquara (SP)