quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Festa da Capivara FM

Dias 11 de novembro. Às 18h22 o céu – ainda que no bem vindo horário de verão – estava cinza e relampejante. Neste mesmo horário, um grupo de sonorização do Massa Coletiva auxiliava nos preparativos finais para a apresentação da primeira banda da noite, a Malditas Ovelhas! O palco foi montado ao lado do ginásio de esportes da UFSCar, de frente para o extenso gramado e relativamente próximo ao lago; umas placas carcomidas de madeira em pedestais de metal, juntas lado a lado, se fizeram de palco para o evento da Rádio Capivara. A demanda de equipamentos foi suprida através da união de esforços do pessoal do DCE, da Rádio e do Massa; havia o suficiente para o som rolar tranqüilo – apesar de uma ou duas dificuldades com um dos PA`s.
Algumas pessoas começam a se aproximar; sentam no gramado, conversam, tomam cerveja, assistem os preparativos finais. Por volta das 19h30 aparecem os últimos integrantes da primeira banda e após uns 20 minutos de passagem de som, atacam a primeira música, com aproximadamente 50 espectadores espalhados pelo gramado e com o céu ainda mais ameaçador do que antes. O quarteto instrumental – que se apresenta pela segunda vez no mesmo espaço (e sempre presente nas festas da Rádio Capivara) não se intimidou com o tempo fechado e mostrou a que veio; som bem regulado; a despeito das dificuldades proporcionadas pelo espaço a céu aberto, pode-se apreciar os melodiosos riffs de contra-baixo, os pormenores rítmicos da bateria, a exploração de timbres a partir do sintetizador etc. Ao final da terceira música os pingos já se faziam sentir, sem possibilidade de permanência. Uma lona já previamente preparada foi atirada por cima do palco e a maioria das pessoas se dirigiu para a área coberta do palquinho, ficando por perto para saber o que aconteceria. Por baixo das lonas pretas, o som continuava rolando, numa espécie de desesperado apelo ao temporal que se aproximava, apesar da suavidade da chuva de então.
10 minutos, 15, meia-hora. As gotas finas continuam a fustigar a todos. Num dado momento decidiu-se – apelando para o trabalho em mutirão – mudar o palco de lugar, transferindo-o para a área coberta do palquinho. Nenhuma decisão poderia ser mais feliz. Todos os presentes – sem exceção, imagino em meu inseparável romantismo – contribuíram para que em menos de 30 minutos o palco (agora sem as placas de madeira, com todos os equipamentos direto no chão) estivesse praticamente pronto, e lá pelas 21h, a Malditas Ovelhas! retoma sua interrompida apresentação. Mais uma hora foi o suficiente para que a banda pudesse encerrar seu repertório, agora a salvo das gotas, num espaço mais acolhedor e aconchegante, com o público mais próximo e efusivo. Todo o trabalho apresentado foi autoral, com algumas músicas já gravadas e outras ainda sem registro.
A próxima apresentação, que começou lá pelas 22h30 foi a do Plano Próximo, que nesta noite tocou “em casa”. Umas 70 pessoas eram a platéia; as luzes sobre a banda estavam todas apagadas e o público aglomerou-se a uma distância ao mesmo tempo confortável e acolhedora. Alguns dos espectadores mais próximos – participando do número – acompanharam as letras das canções com temáticas bastante inusitadas e com linguagem originalmente particular. O equipamento de som deixou um pouco a desejar em um ou outro momento, com dificuldades maiores em alguns microfones. Fato que não subtraiu em nada o clima de empolgação e as levadas bem ritmadas do grupo, que apresentou-se por cerca de uma hora, com músicas autorais que estão inclusas no aguardado Wasabi, primeiro CD da banda.
A terceira e última apresentação da noite ficou por conta do pessoal da Dharmanet, de São Carlos. Formada de um grupo mais jovem e com influências impressas nos semblantes, camisas e correias de guitarra, a Dharmanet apresentou uma série de covers bem escolhidos e executados: ouvimos AC/DC, Floyd, Hendrix, Led, and so on. A despeito de sua presente valorização ao trabalho não autoral, imprimiu suas características a contento em cada uma das músicas que tocou, fechando com chave boa – um pouquinho depois da meia-noite – a festa proposta pela Rádio Capivara.

Djalma Nery

fotos: João Moura

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