por Felipe Silva
À convite de Marcus Vinícius Franchi, participei de um Grupo de Trabalho sobre a Política Do Estado para Ciência, Tecnologia e Inovação com vista ao desenvolvimento sustentável. O Encontro funciona como uma espécie de pré -conferência de Ciência e Tecnologia e reuniu em um hotel de Brasília membros da sociedade civil e representantes de diferentes organizações do Terceiro Setor. Chancelado pelo MCT esse encontro constitui o Fórum Nacional de Tecnologia Social.
Após um voô de Ribeirão Preto, na chegada à Brasília eu e Marcus ainda nos juntamos ao companheiro Ahmad Jarrah da CUFA – Central Única das Favelas - antes de irmos até a UNB para o lançamento de uma linha de pesquisa da Incubadora de lá que inaugurava um campo de pesquisa sobre empreendimentos solidários de Arte e Cultura.
Tudo ia bem se não fosse a leitura das entrelinhas. Entre congratulações e tapinhas nos ombros, Marcus Franchi descobriu que o projeto de APL com o Movimento Hip Hop da Ceilândia do qual ele é gestor era o objeto da pesquisa, que por sua vez possuí uma grande linha de financiamento conectada diretamente ao ministério de Ciência e Tecnologia. O problema é que os acadêmicos se esqueceram de avisar a comunidade e os gestores do processo desse fato e agora o movimento inicia mais uma luta, a de ter bolsas dessas pesquisas destinadas aos manos e minas da comunidade da Ceilândia onde o processo é gerido. Acabou sendo uma oportunidade de lembrar que a acadêmia ainda está muito distante da gênese das tecnologias sociais; a ocasião ainda reforçou a minha lembrança do privilégio que temos de trabalhar com a UFSCar que constantemente busca ações e programas que a comprovem como uma universidade inovadora.
Antes de encerrarmos as atividades ainda tivemos a oportunidade de jantar com Alfredo Serkis, militante revolucionário de longa data que fez parte da luta armada de resistência a ditadura e que hoje é o coordenador nacional da campanha presencial de Marina Silva. Papos políticos em clima descontraído encerraram a primeira noite em Brasília.
Na manhã seguinte bem cedo Eu, Jarrah e Franchi nos dirigimos para o Hotel Phenicia, mais precisamente no Salão Mármore para a reunião do Fórum Nacional de Ciência e Tecnologia, em âmbito de pré-conferência para alinharmos a nossa estratégia para a conferência que será realizada em Maio.
O Fórum, é um ambiente político muito interessante; Cultura, Economia Solidária, Tecnologias Livres, Meio Ambiente entre outras áreas reunidas para programar as políticas públicas que borram as fronteiras da produção de conhecimento valorizando um fluxo de saberes que complementa o pulso das organizações conectadas em rede. O Fórum reunido produziu um documento apontando as reivindicações que serão feitas na Conferência Nacional de Ciência e Tecnologia.
A avaliação do Fórum foi bastante positivo e em um ambiente de bastante consenso conseguimos emplacar a Cultura e a Economia Solidária como varadouros interministeriais na construção de políticas públicas para tecnologias sociais. O grupo saiu fortalecido para nossa participação na conferência e ainda pautamos a reivindicação de uma cadeira no conselho nacional do MCT.
A experiência em Brasília ainda teve um momento muito interessante quando fomos a um centro de atendimento a menores infratores em regime de semi-liberdade. O propósito da visita era criar uma parceria entre o centro e as atividades do APL do Hip Hop da Ceilândia. Durante o encontro um dos jovens que estava encerrando a sua pena entrou na sala para se despedir dos funcionários da unidade. Foi um momento de muita emoção.
Antes de partir ainda tivemos um rápido encontro com Everaldo do Coletivo Cultcha que é o Ponto Fora do Eixo em Taguatinga. O encontro possibilitou a conexão de Marcus Franchi com o coletivo que por já atuar nas cidades satélites são um parceiro em potencial das atividades desenvolvidas na Ceilândia.
Dias Intensos e missões cumpridas. De volta a São Carlos.
2 comentários:
Fotos e mais infos do encontro das organizações que trabalham com Inovação e Tecnologia Social estão em: http://www.ctids.org.br/publicacao/imagem/organizacoes-da-sociedade-civil-planejam-participacao-na-conferencia
abraço e paz!
Bia Rangel (jornalista - Instituto de Tecnologia Social)
Esses relatos, além de serem muito legais, são fontes importantes que ajudam a nortear as ações no movimento que acreditamos.
Escreva sempre. Estamos na escuta.
abrazon.
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