segunda-feira, 1 de março de 2010

DIAS EM TRÂNSITO PARTE 4

por Carlos Magalhães

Vamos mudar um pouco o foco, vamos olhar agora a Teia sobre outra perspectiva. Pois foi essa nova perspectiva que aconteceu esse domingo, dia 28.

Comecei a interagir com o pessoal da comissão organizadora da Teia - mais especificamente com Mariana Di Stella. Essa comissão é grande, com diferentes frentes de ação. A que conheci melhor foi a de comunicação, pra vocês entenderem o trabalho de comunicação que vem sendo desenvolvido acessem o site da teia:

teiapaulista.redepaulistadepontosdecultura.net

Nesse site você pode encontrar todas informações sobre a organização dos pontos de cultura do estado de São Paulo. Vale a pena conferir para estudar.

Essa foi a parte boa do dia, depois começou a parte ruim. Para abrir o II Fórum Paulista de Pontos de Cultura, foram convidados a uma mesa uma pessoa de preto representando o ministério da cultura, um camarada de branco representando os pontos de cultura e um camarada de salmão representando o governo do estado de São Paulo.

E em suas falas, a mina de preto colocou seu interesse, deixou claro seu processo, ela estava no MINC como uma militante da cultura que tem como plano de vida essa transformação social através de ações como os pontos de cultura. O camarada de branco também se posicionou falando que tem como maior desafio transformar os pontos em um movimento social, mas o cara pálida salmão não se posicionou. Disse que estava feliz com aquilo e tratou a questão dos pontos como um mecanismo pra atingir as pessoas e tals.

Mas a que veio esse cara? Qual o interesse dele na história? Quem é ele? O que o governo do estado tem de interesse com a cultura brasileira?

O governo do estado de São Paulo está para o Brasil, assim como o EUA estão para o mundo. São os reacionários elitistas detentores do meios de comunicação e de um pensamento padronizado.

Quem é a base do governo do estado de São Paulo? A próprio mídia paulistana, o Datena é base dos caras, a PM é base dos caras, as escolas estaduais caindo aos pedaços, a FEBEM, essas são suas bases.

Nesse processo de revolução cultural que estamos vivendo, fica claro que eles não estão conosco. Eles são nossos inimigos. E foi pelo instinto de sobrevivência que eu pude perceber isso. O cara de salmão falava e meu sangue fervia. Eu me senti impotente e puto de ver o inimigo tão próximo mostrando suas garras e ainda colocando-se como um admirador do que estava acontecendo.

Sai realmente transtornado com aquilo tudo. Não entendia o que estava acontecendo. Na noite anterior no mesmo lugar, alegria e vida... De repente todos sérios, tensos, saindo olhando pro chão tristes confusos.

Não conseguia me entender, por que estava tão nervoso? Quando cheguei no hotel encontrei Lumumba e saimos juntos para jantar.

Lumumba é como um avô para mim, eu sou como um neto para ele. Estávamos juntos já antes de nos conhecermos e Lumumba como sempre tinha a sabedoria com ele pra me ajudar a entender aquele desgosto que sentia.

Ele disse: ¨O que você sentiu foi seu instinto, nós ainda vivemos na selva e você percebeu seu inimigo. Mas você foi esperto sábio, agiu como um líder. Sabia que não poderia atacar naquele momento pois acabaria perdendo. Estude, entenda quem é seu inimigo e a vida vai lhe proporcionar o momento correto para agir¨.

E se olharmos o papel do governo do estado de São Paulo nos últimos anos e seu maior referencial cultura que é a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, fica ainda mais claro em qual lado está o governo do estado. Eles estão com os europeus, com quem escravizou seres humanos, promoveu guerras, instituiu a ciência como verdade, criou padrões de beleza e comportamento. Mas qual o interesse do governo do estado hoje? Quando eles irão mostrar sua cara e falar a que vieram na cultura?

Depois disso começamos uma longa conversa sobre ancestralidade, função no mundo, relação com a natureza, como entender o momento presente e valorizar o presente que a vida te oferece. Contei a história de minhas origens de classe média, burguesas e da minha vontade de mudar o rumo de minha vida. Lumumba entendeu tudo e como sempre trazia sabedoria e paz para minha alma, para entender o momento presente e valorizar os dias que se passam como dádivas, presentes que a vida oferece.

Fiquei tranquilo, feliz, entendi o presente que a vida estava me oferecendo. Comecei a entender melhor meu inimigo, percebi também que tenho a comunicação e o movimento social - o Fora do Eixo - como armas pra enfrentá-lo.

Um beijo Brasil! Seus inimigos estão mostrando suas armas e a esperança está mais viva que do que nunca para enfrentá-los.

Um comentário:

vitor guerra disse...

porra carlão cada comentário novo é um arrepio no corpo e uma comoção que mareja meus olhos (mais aí me controlo pra não chorar lendo blog né...)
sabe por que isso?
creio que é o reflexo da postura de quem decidiu olhar a vida de frente, viver de verdade; e que por isso vive ingenuamente transpirando a alegria de estar vivo, preencher de vida outras vidas,; e como nos dias de hoje isso é raro não tem como não me sentir emocionado a cada post!
(a ausência dessa postura é a que inevitavelmente esvazia discursos, de antemão já mortos, sem vida, dos nossos queridos homens de salmão). Sua postura ao contrário germina e se dilui, semeia, o novo caldo cultural que criamos, que vivemos com amor...(talvez seja por isso que não gosto muito dessa estória de inimigo né?)
parabéns por tudo e a todos,
força e fé, a tal da coragem.
que rola.