quarta-feira, 24 de março de 2010

Quão negros somos...Parte 4

por Carlos Magalhães

O último dia do evento, o momento de fruição e vivência desse ritual. Na programação, a apresentação de diferentes grupos de cultura da cidade de São Carlos, além do grupo Urucungos da cidade de Campinas/SP. Agora o Quão negros somos... ocupa outro espaço da cidade. Estamos no centro da juventude Elaine Viviane. Um equipamento cultural da cidade de São Carlos/SP.

E a primeira apresentação foi a de Centro Esportivo de Capoeira Angola - Academia João Pequeno de Pastinha. Ao som dos berimbaus, das vozes humanas e do batuque eram evocados ritmo, sintonia física e o suor do grupo que se apresentava, reunindo crianças ao seu redor.

Seguido da apresentação da Companhia dos santos reis. Que atravessa o período de quaresma, mas mesmo assim esteve presente para abrir às pessoas o valor que aquela expressão cultural, arte e religião tem para eles e para o mundo, que mantém a tradição e a transcende através de diversas gerações.

A terceira apresentação da programação ficou por conta da Escola de samba Rosas Negras. Um grupo que redigido por um sábio e pela força das crianças da bateria mirim. Seguido das violas mágicas do Grupo de Catira Pés Palmas e Coração. A som da viola encantou as pessoas presentes, assim como os trágicos causos contados pelos violeiros.

Depois chegou a hora do Zero 16 voltar a se apresentar para seus seguidores! O som como sempre potente e instigante. Houve até uma parceria realizada na hora com a bateria mirim da Rosas Negras. O dia chegava perto do fim com uma belo anoitecer em um céu claro e azul marinho.

Marinho, o céu, como o mar, anunciado o início do culto evangélico do outro lado da rua, os moradores que passeavam calmamente naquele fim de domingo. Tudo em perfeita sintonia para que dançarinas rodando, cantando, com blusas brancas, saia, lenço na cabeça e nas mãos. Convocassem as pessoas a participar de festa histórica.

Aquilo encantava os olhos de todos. Toda a apresentação que consistia em canto, dança e percussão eram conduzidas com interpretação, mitologia e sabedoria de Alceu e sua família do Urucungos Puítas e Quijêngues.

Eles fizeram com que as pessoas presentes começassem a dançar. Quem andavam na rua parava para olhar. As danças e músicas antigas interpretadas e contadas ao público, integrando uma diversidade de culturas em torno de manifestações belas e cheias de sabedoria. Com letras simples e palavras cheias de sonoridade, todos cantavam as música que já foram cantadas por Zumbi, Lampião e muitos outros que construíram a história do país. Era novamente a revolução presente. Bem no auge, no encerramento do ritual.

As palavras e as pessoas juntas vibrando celebrando, reverenciando o passado, o futuro e recebendo aquele presente. Um brilho, um gracejo da vida.

E assim se encerrou o Quão negros somos... e eu encerro aqui os textos sobre o evento. Agora é só acompanhar as fotos nessa página - http://fotos.nosdigitais.teia.org.br/ -, hoje tem só as do primeiro dia completas. A cada dia vou atualizando aos poucos até expor tudo que foi relatado nesses textos através da fotografia.

2 comentários:

Anônimo disse...

tá postado duas vezes o texto no blog gente.
continua potente e poético. quem disse que a poesia e a política são demais prum homem só? porque não somos um, somos trezentos, trezentos e cincoenta, como escreveu mário de andrade.
um dia ainda há de publicar. abs. léo

Massa Coletiva disse...

valeu léozin!

vamos que vamos!
poesia e política vivas juntas!